Cerca de 30% dos enfermeiros portugueses reportaram sintomas de problemas de saúde mental em 2024

Centro de Investigação, Inovação e Desenvolvimento em Enfermagem de Lisboa concluiu que os profissionais têm uma maior perceção negativa sobre a sua saúde mental, principalmente após a pandemia.

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A pandemia da Covid-19 contribuiu para um aumento do stress.

Num estudo efetuado em 2024, com a participação de 1894 enfermeiros, foi verificado um aumento da perceção negativa sobre a saúde mental dos enfermeiros, onde cerca de 30% relataram sintomas de depressão grave, face à primeira análise realizada em 2017, em que participaram 1264. Desta forma, este tornou-se o maior estudo realizado até à data sobre a saúde mental destes profissionais em Portugal.

Este estudo acontece de cinco em cinco anos, intervalo que foi interrompido pelos dois anos da pandemia da covid-19, que "acentuou um vasto conjunto de stressores, com prejuízo acrescido para a saúde mental deste grupo profissional".

As conclusões deste estudo não são animadoras e mostram tendência a piorar

As conclusões indicam que 28,8% dos enfermeiros têm a perceção de sintomatologia de depressão grave, mais 6,4% do que os registados há sete anos. Estes resultados foram apresentados no dia 10 deste mês.

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As mulheres apresentam uma pior saúde mental que os homens.

A sessão de apresentação contou com a presença da Enf.ª Dora Franco, Presidente da Secção Regional do Sul da Ordem dos Enfermeiros, que sublinhou a importância deste estudo para a compreensão e melhoria das condições de trabalho dos profissionais de enfermagem em Portugal, realçando que “estes números, mais do que estatísticas, representam histórias de profissionais exaustos, sobrecarregados e, demasiadas vezes, a trabalhar em condições adversas”.

Os resultados são alarmantes:

  • 74,3% dos enfermeiros percecionam negativamente a sua saúde mental, registando um aumento de 15,3% face aos dados anteriores;
  • 91,4% referem disfunção social;
  • 87,4% relatam ansiedade e insónia;
  • 79,4% apresentam sintomatologia somática;
  • 28,8% indicam sintomas de depressão grave.

Em relação às variáveis socioprofissionais e condições de trabalho, o estudo sinaliza que, dos enfermeiros que fazem turnos, 74,4% precisam de dormir mais ou muito mais entre turnos noturnos seguidos, e 60,6% entre turnos de manhã seguidos, um aumento de 2% e 11,5%, respetivamente.

O cansaço, as horas de sono e as diferenças entre géneros também foram estudados

O estudo sustenta que 40,1% dos enfermeiros tendem a sentir-se cansados mais cedo do que a maior parte das pessoas ao final do dia e 28,6% consideram ser do tipo de pessoa que adormece facilmente em qualquer lugar.

Mantiveram-se estáveis os resultados relativos ao sono diário, com metade a dormir até seis horas. Também 50% assinalaram ter um ou zero fins de semana livres por mês.

Os homens têm uma melhor saúde mental comparativamente às mulheres e é nos mais jovens que se encontram valores mais negativos de perceção da saúde mental.

Para a Presidente da Secção Regional do Sul, estes dados evidenciam a necessidade urgente de medidas e políticas de apoio eficazes que promovam ambientes de trabalho mais saudáveis para os profissionais de enfermagem e, consequentemente, a qualidade dos cuidados prestados à população.

Referências da notícia

Ordem dos Enfermeiros Sul - Apresentação dos resultados do estudo "NursesMH#Survey2024: A saúde mental dos enfermeiros portugueses"

Executive Digest - Cerca de 30% dos enfermeiros relataram sintomas de depressão grave em 2024