Celebra-se hoje o Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca
Hoje comemoramos o Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca, data tão importante para garantir a neutralidade da degradação dos solos. Este ano o dia é dedicado à população feminina. Saiba os pormenores aqui!
Hoje, 17 de junho, comemora-se o Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca, instituído a 30 de janeiro 1995 pela Organização das Nações Unidas, através da resolução A/RES/49/115.
A data pretende aumentar a consciência pública sobre os esforços internacionais no combate à desertificação. O dia oferece uma oportunidade de reconhecer que a neutralidade da degradação dos solos é alcançável através da resolução de problemas, do forte envolvimento da comunidade e da cooperação.
Este ano, o tema «A sua terra. Os seus direitos» enfatiza que investir na igualdade de acesso das mulheres à terra e aos bens associados é um investimento direto no seu futuro e no futuro da humanidade.
O envolvimento das mulheres é vital para atingir as metas globais interconectadas sobre igualdade de género e neutralidade da degradação dos solos até 2030 e contribuir para o avanço de vários outros Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
As mulheres têm uma participação indispensável na saúde dos solos, mas muitas vezes não têm controle sobre estes. Em todas as partes do mundo, as mulheres enfrentam barreiras profundas e consideráveis para garantir os direitos de acesso à terra, limitando a sua capacidade de prosperar. E quando a terra se degrada e a água escasseia, as mulheres são, por norma, as mais afetadas.
Para que tenhamos noção, os direitos das mulheres a herdar a propriedade dos seus maridos continuam a ser negados em mais de 100 países sob leis e práticas consuetudinárias, religiosas ou tradicionais.
Hoje, quase metade da força de trabalho agrícola global é feminina, mas menos de um em cada cinco proprietários de terras, em todo o mundo, são mulheres.
A desertificação e a seca: uma dura realidade
A desertificação e a seca, que são uma degradação da saúde ambiental, contribuem para o colapso da biodiversidade e favorecem o aparecimento de zoonoses.
As secas estão entre as maiores ameaças ao desenvolvimento sustentável, especialmente nos países em desenvolvimento, mas cada vez mais também nas nações desenvolvidas. A dura realidade é que as previsões estimam que até 2050 as secas possam afetar mais de três quartos da população mundial.
O número e a duração das secas aumentaram 29% desde 2000, em comparação com as duas décadas anteriores, segundo a Organização Meteorológica Mundial. Mais de 2,3 mil milhões de pessoas já enfrentam stress hídrico, e este é um problema gigantesco.
Globalmente, 23% dos solos não são mais produtivos, 75% foram transformados do seu estado natural, principalmente para a agricultura. Essa transformação no uso das terras está a acontecer a um ritmo mais rápido do que em qualquer outro momento da história da humanidade e acelerou-se nos últimos 50 anos.
Neutralidade da Degradação do Solo
A degradação dos solos é o resultado de ações induzidas pelo homem que exploram os solos, e que fazem com que a sua utilidade, biodiversidade, fertilidade e saúde diminuam.
Os solos estão a ser degradados rapidamente em todo o mundo. Garantir a segurança alimentar para uma população global em crescente requer recursos saudáveis e ecossistemas prósperos. No entanto, práticas agrícolas atuais estão a causar a erosão dos solos em todo o mundo até 100 vezes mais rápido do que os processos naturais os reabastecem.
A degradação das terras também muda e interrompe os padrões de precipitação, agrava condições climáticas extremas, como secas ou cheias, e impulsiona ainda mais as alterações climáticas, o que resulta em instabilidade social e política, que acaba por gerar pobreza, conflitos e migrações.
Entre 2015 e 2019, o mundo perdeu pelo menos 100 milhões de hectares de terra saudável e produtiva todos os anos.
Desertificação e despovoamento, são a mesma coisa?
Muitas vezes, em Portugal, ouvimos falar em desertificação para explicar fenómenos que nada têm que ver com esta problemática, mas com dinâmicas sociodemográficas que levam ao declínio populacional de um determinado território.
Assim, claramente, desertificação e despovoamento são fenómenos distintos, mas muitas vezes mal entendidos e confundidos. Por desertificação, entende-se a degradação do solo em áreas tipicamente áridas, resultante de vários fatores, incluindo processos naturais, como variações climáticas ou induzidos pelas atividades humanas, significando um declínio na fertilidade do solo e uma redução na cobertura vegetal, assemelhando-o às condições de um deserto.Muito distinto da ideia/conceito que erradamente ouvimos aplicar.
Esta confusão acaba por se tornar um empecilho à adoção de soluções no combate a este flagelo, nomeadamente na implementação de medidas de remediação e de recuperação dos solos e dos ecossistemas degradados.