Cada português gerou, em média, 504,6 quilos de resíduos urbanos em 2023

O INE publicou as Estatísticas do Ambiente 2023, onde sintetiza várias temáticas ligadas à população e atividades humanas, ar e clima, água, solo, biodiversidade e paisagem, resíduos, energia, transporte, economia e finanças do ambiente.

Resíduos urbanos
Papel, cartão, vidro, embalagens, restos de comida, aparas de vegetais e de frutas. Em 2023, cada habitante em Portugal gerou, em média, 504,6 quilos de resíduos urbanos, diz o INE.

Papel, cartão, vidro, embalagens, restos de comida, aparas de vegetais e de frutas. Em 2023, cada habitante em Portugal gerou, em média, 504,6 quilos de resíduos urbanos, revelou o Instituto Nacional de Estatística (INE) no seu relatório anual Estatísticas do Ambiente 2023, publicado a 20 de dezembro.

Os números de 2023 estão em linha com os contabilizados em 2022 (508,5 quilos por habitante, em média). A apesar de a quantidade de resíduos recolhidos ter vindo a aumentar nos últimos anos (+1,1% entre 2020 e 2023), “o resultado per capita apresenta uma tendência inversa”, em resultado de uma maior magnitude no aumento da população média residente em território nacional (+1,9% entre 2020 e 2023), diz o INE.

Durante o ano passado foram recolhidos 1,31 milhões de toneladas de resíduos urbanos (+78,1 mil toneladas face a 2022). A sua recolha faz-se, seletivamente, nos ecopontos, porta-a-porta, em circuitos especiais, em ecocentros e noutros produtores de resíduos urbanos.

De acordo com este relatório do INE, nos últimos cinco anos, a recolha seletiva de resíduos tem “aumentado de forma consistente em termos relativos”. Fixou-se em 24,5% do total de resíduos urbanos recolhidos em 2023, o que corresponde a um incremento de 3,2 pontos percentuais face a 2019.

Valorização energética dos resíduos

Certo é que os resíduos, nomeadamente os urbanos, têm vindo a ser uma fonte importante de produção de energia.

Resíduos
Os resíduos urbanos são uma fonte importante de produção de energia. A sua valorização energética é considerada fundamental na transição para a economia circular.

A sua valorização energética, ao permitir transformar em energia os materiais não recicláveis, é considerada fundamental na transição para a economia circular e para a descarbonização da economia, em Portugal e na União Europeia (UE).

Em todo o caso, os dados de 2022 mostram que Portugal tem ainda uma dependência do petróleo de 42% (que é de 33,2% na UE27), apesar de a oferta energética proveniente de fontes renováveis (34,5% do total do consumo) já ser superior à média da UE27 (19,0%).

O relatório do INE com as Estatísticas do Ambiente 2023 destaca uma “ligeira redução de dependência do gás natural”, com o início do período de aplicação das medidas de redução voluntária de consumo deste combustível no seio da União Europeia. Ainda assim, o gás natural continua a assumir uma “relevância” no perfil energético nacional de 22,6%, em comparação com 23,9% em 2021). Na UE, a fração de gás natural foi de 22,3% em 2022.

Neste domínio da energia, o INE realça também “a importância que a energia nuclear tem como fonte de energia primária na UE27”. Representa 11,8% do total de energia primária consumida em 2022.

Na contabilização final do ano de 2023, o INE revela que o consumo de energia primária foi de 20 619 ktep (milhares de toneladas equivalentes de petróleo), o que representa uma diminuição de 3,3% relativamente a 2022 (21 315 ktep). O consumo de petróleo caiu 4,5% e o de gás natural regrediu 20,8% (decorrente de medidas voluntárias de redução de consumo propostas no âmbito da UE).

Portugal cultivou 1 898 ha de milho OGM

Outro dos parâmetros analisados pelo INE nas Estatísticas do Ambiente 2023 é a cultura de organismos geneticamente modificados.

Na União Europeia, a única cultura geneticamente modificada, com o cultivo autorizado, é o milho que contém o evento MON 8108.

A aprovação deste OGM9 para cultivo na UE data de 1996. Atualmente, apenas Portugal e Espanha cultivam esta variedade na UE, ocupando 48,2 mil hectares em 2023 (69,9 mil hectares em 2022), correspondendo a um decréscimo de 31,0% (-30,7% em 2022).

Em 2023, a área de milho geneticamente modificado em Portugal foi de 1 898 hectares, menos 17,0% face a 2022, ou seja, menos 389 hectares em 2023. Este decréscimo foi "muito mais acentuado do que o verificado na área total de milho (-1,2%)", diz o INE.


Em consequência, a pouca expressividade, em Portugal, da área de milho transgénico foi acentuada face ao total da área nacional de milho, cerca de 1,3% em 2023 (1,6% em 2022).

Nutrientes dos solos agrícolas

O sucesso e a produtividade das culturas agrícolas depende, entre outros fatores, dos nutrientes presentes nos solos, como é o caso do azoto e do fósforo.

No entanto, o excesso resultante do seu uso excessivo e do facto de que nem todos os nutrientes utilizados na agricultura serem efetivamente absorvidos pelas plantas, é “uma importante causa de poluição do ar, solo e água, e promotor das alterações climáticas”, frisa o INE.

Nas Estatísticas do Ambiente 2023, o INE faz notar que os fertilizantes inorgânicos são uma das principais fontes de nutrientes dos solos agrícolas, de fornecimento de nutrientes essenciais para o desenvolvimento das culturas e de aumento da produtividade agrícola.

Acidificação dos solos

A verdade é que "uma aplicação excessiva pode resultar numa série de impactos negativos que afetam o meio ambiente, como a acidificação do solo, a contaminação da água dos aquíferos, a eutrofização das águas superficiais, a destruição da biodiversidade e a emissão de gases de efeito de estufa”.

solos agrícolas
Os fertilizantes inorgânicos são uma das principais fontes de nutrientes dos solos agrícolas, de fornecimento de nutrientes essenciais para o desenvolvimento das culturas.

O consumo aparente de fertilizantes, em 2023, “cresceu face ao ano anterior, tendo ascendido às 166 mil toneladas”, um acréscimo de 38,6%, quando, em 2022, se tinha ficado pelas 120 mil toneladas.

Nas Estatísticas do Ambiente 2023, o INE recorda que “o ano de 2022 havia sido marcado por uma baixa significativa no consumo de fertilizantes (-32,9% face a 2021). Isto, devido, entre outros fatores, ao aumento do preço destes produtos (+89,8% face a 2021)”, na sequência das restrições da covid-19 e, sobretudo, do conflito militar desencadeado pela Rússia em solo da Ucrânia.

Na representatividade dos macronutrientes nos fertilizantes, o azoto é o que tem maior expressão no total do consumo aparente de fertilizantes, com 53,7% em 2023 (56,8% em 2022), diz o INE. Segue-se o potássio, com 24,2% (20,8% em 2021). Por último, está o fósforo, com 22,1% (22,4% em 2022).