Batata-Doce da Madeira já é Denominação de Origem Protegida. Portugal é o segundo maior produtor na Europa
A batata-doce tem origem nos Andes e está disseminada por todo o mundo. O sucesso do seu cultivo em Portugal deve-se às condições edafoclimáticas e aos custos de cultura e de gestão reduzidos.
A Comissão Europeia publicou na última sexta-feira, no Jornal Oficial da União Europeia, a inclusão da denominação Batata-Doce da Madeira no registo europeu de Indicações Geográficas Protegidas. Foi-lhe atribuído o estatuto de Denominação de Origem Protegida (DOP), que realça a relação entre a região geográfica delimitada (Madeira) e o nome do produto.
A Batata-Doce da Madeira junta-se, assim, a mais de 200 produtos portugueses protegidos pela legislação europeia como indicações geográficas (Indicações Geográficas Protegidas – IGP e Denominações de Origem Protegida – DOP).
“Todas as fases de produção, desde a obtenção da «rama» (material vegetativo), ao cultivo, colheita e preparação para venda, ocorrem na área geográfica identificada”, ou seja, as ilhas da Madeira e do Porto Santo, lê-se no requerimento submetido à Comissão Europeia.
A batata-doce apresenta um baixo valor energético, de cerca de 76 quilocalorias por 100 gramas de parte edível. É também uma fonte de fibra e rica em vitaminas, minerais e magnésio.
Portugal é o segundo maior produtor na Europa
Um estudo da autoria dos investigadores Ana Cristina Ramos, Nelson Pereira, Fernando Costa e Marta Abreu, publicado na edição de junho da revista “Vida Rural”, revela que “a Ásia é a região líder na produção mundial desta cultura agrícola, representando 80,9% da produção global”.
África produz 15,7%, a América 2,7%, a Oceânia 0,7% e a Europa contribui apenas com 0,1% da produção mundial, segundo dados da FAO, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAOSTAT, 2020).
De acordo com a mesma fonte, “nos últimos 20 anos a área cultivada e a produção mundial de batata-doce diminuíram”. Contudo, “na União Europeia (UE), o valor comercial da batata-doce ganhou relevância significativa, com um aumento de cerca de 53% nos últimos cinco anos”.
Apesar do aumento da produção na Europa, ainda é necessário recorrer à importação de batata-doce de países como Egito, Estados Unidos e África do Sul.
Os dados publicados pelos investigadores Ana Cristina Ramos, Nelson Pereira, Fernando Costa e Marta Abreu a partir das estatísticas da FAO dão conta que “Portugal emergiu como o segundo maior produtor de batata-doce na Europa nos últimos anos”. A área estimada de cultivo está entre 1000 e 1200 hectares, atrás da Espanha.
Maior capacitação técnica dos agricultores
O sucesso do cultivo da batata-doce em Portugal é atribuído à “adaptabilidade, às condições edafoclimáticas locais, com baixos requisitos culturais, e custos de gestão reduzidos”. Por outro lado, tem havido “melhorias significativas no conhecimento técnico e nas práticas agrícolas” e uma maior capacitação técnica dos agricultores, o que tem impulsionado a aposta nesta cultura e o aumento das produtividades.
A batata-doce teve a sua origem na América Central (Andes) e chegou à Europa no século XVI, sendo tão antiga em Portugal como a batata tradicional. No nosso país, a produção é realizada sobretudo entre os meses de abril e junho e ocorre durante cerca de três a quatro meses. A maioria das colheitas ocorre nos meses de outubro e novembro.
Em Portugal, a região de Aljezur é aquela onde as condições climáticas mais se têm revelado ideais para esta cultura. A batata-doce local é um produto classificado pela Comissão Europeia com o rótulo de Indicação Geográfica Protegida (IGP), desde 2009. Segue-se agora a Batata-Doce da Madeira, com a classificação DOP.