Azeite, queijo de cabra e alfarroba. Feira da Dieta Mediterrânica premeia projetos que valorizam recursos endógenos

Os projetos “HostLab”, "Crackers de dreches” e “Sabor do Sul (Pecoliva)” são os vencedores do “Prémio Inovação – Dieta Mediterrânica”. As “churritas” e os “enchidos de churra algarvia” receberam menções honrosas.

azeite e queijo
O projeto “HostLab”, dinamizado pela Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo da Universidade do Algarve (UAlg), venceu o “Prémio Inovação – Dieta Mediterrânica” 2024. A solução envolveu três produtos com base em ingredientes endógenos da região: azeite para barrar, creme de queijo de cabra e semifrio de alfarroba.

A Feira da Dieta Mediterrânica de 2024 terminou no último domingo, 8 de setembro, em Tavira, e contou com 170 expositores, 45 institucionais e 125 ligados ao setor agroalimentar e ao artesanato.

Esta edição da Feira acontece 11 anos depois da aprovação da inscrição dos sete países que apresentaram a candidatura da Dieta Mediterrânica a Património Cultural Imaterial (PCI) da Humanidade. Foi na cidade de Baku, Azerbaijão, a 4 de dezembro de 2013, no âmbito da 8ª sessão do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Imaterial da UNESCO.

Subscreveram esta candidatura transnacional sete Estados com culturas mediterrânicas milenares: Portugal (Tavira), Chipre (Agros), Croácia (Hvar e Brac), Grécia (Koroni), Espanha (Soria), Itália (Cilento) e Marrocos (Chefchaouen).

No último dia do evento deste ano da Feira da Dieta Mediterrânica, em Tavira, foram conhecidos os vencedores do “Prémio Inovação – Dieta Mediterrânica”, com a distinção e entrega de três prémios e duas menções honrosas a projetos e produtos do setor agroalimentar.

A iniciativa destes prémios nasceu da parceria entre a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Sotavento Algarvio, a Associação In Loco e o município de Tavira.

Azeite, queijo de cabra e alfarroba

O primeiro lugar foi para o projeto “HostLab”, dinamizado pela Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo da Universidade do Algarve (UAlg), que se apresentou a concurso com três produtos com base em ingredientes endógenos da região: azeite para barrar, creme de queijo de cabra e semifrio de alfarroba.

O segundo lugar foi para o projeto “Crackers de dreches”, apresentado pela “Nova Vida Cerveja”. Trata-se de um resíduo do processo de fabrico da cerveja, que é assim reutilizado nas crackers e associado a produtos típicos algarvios.

O terceiro prémio foi para o projeto “Sabor do Sul (Pecoliva)”, que consiste na inovação de processos na produção de azeite. Os seus autores implementaram equipamentos (tegões) que permitem o armazenamento dos resíduos (águas ruças e bagaço de azeitona), para posteriormente serem recolhidos por empresas do setor de tratamento e valorização de resíduos.

Azeite
O azeite deve ser a principal gordura para cozinhar ou temperar alimentos, de acordo com a Dieta Mediterrânica, que também recomenda um consumo baixo a moderado de laticínios, a ingestão frequente de pescado e o baixo e pouco frequente de carnes vermelhas.

As duas menções honrosas foram para as “churritas” e os “enchidos de churra algarvia”, submetidos a concurso pelo projeto REVITALGARVE, financiado pelo Programa de Recuperação e Resiliência (PRR).

A avaliação dos projetos pelo júri ponderou vários critérios. Entre eles, o grau de inovação, a viabilidade económica, as necessidades do mercado e a sustentabilidade ambiental e social. Durante o certame, o público também teve, aliás, a oportunidade de dar a sua opinião, que foi valorizada em 30% da classificação final dos produtos e projetos a concurso.

Dieta Mediterrânica agrega sete países

A Dieta Mediterrânica teve a sua origem nos países banhados pelo Mar Mediterrâneo ou que são influenciados pela sua presença.

A Associação Portuguesa de Nutricionistas refere que este padrão alimentar começou a ser descrito nos anos 50 e 60 do século XX, sobretudo à luz do que se praticava em Creta, em outras regiões da Grécia e no sul de Itália. Ancel Keys foi o investigador americano responsável pela sua divulgação.

A palavra “dieta” deriva do termo grego “diaita”, que significa estilo de vida equilibrado. A Dieta Mediterrânica é precisamente isso: um estilo de vida marcado pela diversidade e conjugado com certas práticas alimentares.

Entre essas práticas está o consumo elevado de alimentos de origem vegetal (cereais pouco refinados, produtos hortícolas, fruta, leguminosas secas e frescas e frutos secos e oleoginosos), assim como de produtos frescos, pouco processados e locais e em respeito pela sua sazonalidade.

O azeite deve ser a principal gordura para cozinhar ou temperar alimentos, de acordo com os princípios da Dieta Mediterrânica, que também recomenda um consumo baixo a moderado de lacticínios, a ingestão frequente de pescado e o baixo e pouco frequente de carnes vermelhas. A água é a bebida de eleição, mas o vinho não fica de fora, em doses baixas e moderadas, a acompanhar as refeições principais.

A Dieta Mediterrânica também privilegia a confeção culinária simples e com os ingredientes nas proporções certas, a prática de atividade física diária e as refeições em família ou entre amigos, promovendo a amizade e a convivência familiar à mesa.