Atletas olímpicos de atletismo atingem o auge numa determinada idade, revela investigação

Atingir o auge do desempenho desportivo requer mais do que talento e trabalho árduo. Para os atletas olímpicos, o momento certo é crucial.

Um novo estudo realizado por estudantes da Universidade de Waterloo analisa a velha questão de saber quando é que os atletas de atletismo atingem o seu pico de desempenho e revela a idade ideal para a maioria dos atletas olímpicos, em especial os que se especializam em atletismo.

Normalmente, a progressão profissional de um atleta assemelha-se a uma curva em forma de sino: anos de treino intenso que levam ao pico de desempenho numa determinada idade, seguido de um declínio gradual. Isto é especialmente verdade no caso dos atletas de atletismo, uma vez que a disciplina inclui uma variedade de eventos como a corrida, o salto e o lançamento. Talvez seja por isso que o estudo procurou determinar a idade de pico desses atletas olímpicos.

"Ao contrário de outros desportos olímpicos, como o futebol e o ténis, que têm as suas próprias competições de alto nível fora dos Jogos, os Jogos Olímpicos são o maior palco em que os atletas de atletismo competem", afirmou David Awosoga, o principal autor da investigação.

"Uma vez que os Jogos Olímpicos se realizam apenas de quatro em quatro anos, os atletas de atletismo têm de considerar cuidadosamente quando e como devem treinar para maximizar as suas hipóteses de se qualificarem para os Jogos Olímpicos enquanto estão no seu melhor momento pessoal."

O clube dos 27

A equipa de investigação analisou os dados de todos os atletas de atletismo que competiram numa prova individual nos Jogos Olímpicos desde os Jogos de Atlanta em 1996. Foram tidos em conta vários fatores, incluindo o sexo, a nacionalidade, o tipo de prova, o tempo de treino a um nível de elite e o facto de ser ou não um ano olímpico. As suas conclusões foram reveladoras.

A investigação revelou que a idade média de participação dos atletas olímpicos de atletismo, tanto masculinos como femininos, se manteve estável nos últimos trinta anos, situando-se ligeiramente abaixo dos 27 anos.

"Curiosamente, a nossa análise também mostrou que a idade média de pico destes atletas era (também) 27 anos", disse Awosoga, acrescentando que, após esta idade, a probabilidade de um atleta ainda ter o seu melhor desempenho à sua frente desce abaixo dos 50%.

No entanto, a idade não é o único fator no pico de um atleta, de acordo com Matthew Chow, coautor da investigação.

"O que é realmente excitante é que também descobrimos que saber qual é o ano olímpico ajuda a prever o desempenho de um atleta", disse Chow.

Os investigadores sublinharam que a sua análise, embora teórica, tem implicações práticas. Esperam que os atletas e os treinadores utilizem estes dados para adaptar os regimes de treino e alinhar melhor a sua preparação com estes fatores biológicos e externos.

"A nossa principal conclusão é que estabelecemos uma lista de variáveis que ajudam a prever quando será o seu pico", acrescentou Awosoga. "Não pode mudar o ano dos Jogos Olímpicos, a sua genética ou a sua nacionalidade, mas pode modificar os seus regimes de treino para melhor se alinharem com estes fatores biológicos e externos".

Referência da notícia:
- Peaks and primes: Do athletes get one shot at glory? David Awosoga, Matthew Chow Significance, Volume 21, Issue 3, July 2024, Pages 6–9, Published: 03 June 2024.