Astrónomos procuram evidências de Esferas de Dyson criadas por civilizações extraterrestres

Projeto Hephaistos tem como objetivo procurar sinais tecnológicos de civilizações extraterrestres avançadas em forma de uma estrutura chamada esfera de Dyson.

Esfera de Dyson
Na década de 60, o astrónomo Nikolai Kardashev propôs uma escala que avaliava o nível tecnológico de uma civilização.

A escala ficou conhecida como escala de Kardashev e foi popularizada pelo astrónomo e divulgador científico Carl Sagan. A medida para classificação de Kardashev era a a quantidade de energia utilizada por uma civilização.

Segundo Carl Sagan, com base na escala de Kardashev, a civilização na Terra não chegou nem mesmo até à civilização do tipo I, a mais baixa de todas. Cada escala tem como base o consumo de uma quantidade de energia que pode ser dividida em energia presente no planeta, no Sistema Solar e até na galáxia. Civilizações de escalas maiores poderiam usar estruturas para obter toda a energia de estrelas.

Um grupo de astrónomos num projeto chamado Hephaistos argumenta que é possível observar sinais tecnológicos de civilizações avançadas. A ideia seria procurar esses sinais em dados já obtidos por telescópios como pelo Gaia. Segundo o artigo publicado na MNRAS, uma forma seria a procura por uma estrutura conhecida como Esfera de Dyson.

Escala de Kardashev

O astrónomo Nikolai Kardashev introduziu uma forma de medir o nível de desenvolvimento tecnológico de uma civilização. A escala baseia-se na quantidade de energia que uma civilização é capaz de utilizar. Na escala original, Kardashev separou em três tipos de civilização que receberam nome de I, II e III sendo a civilização de tipo III a mais alta.

A Terra está na escala de tipo 0,72 segundo o astrónomo Carl Sagan que popularizou e expandiu a escala de Kardashev.

Uma civilização da escala do tipo I seria capaz de utilizar toda a energia disponível no planeta de origem - energia eólica, geotérmica, sísmica. Uma civilização do tipo II seria capaz de utilizar 100% da energia da estrela original, no caso da Terra seria o Sol. Já uma civilização do tipo III conseguiria utilizar energia da galáxia e de regiões interestelares.

Esfera de Dyson

Para uma civilização do tipo II utilizar toda a energia disponível de uma estrela seria necessário o uso de estruturas que pudesse captar a energia. Uma dessas estruturas seriam as esferas de Dyson introduzidas pelo físico Freeman Dyson. Elas seriam estruturas construídas em torno de uma estrela capazes de capturar e utilizar a energia total da estrela.

Criar uma esfera de Dyson não é algo simples e seria impossível para a engenharia e tecnologia atuais. Uma das formas mais conhecidas das esferas de Dyson são como cascas esféricas em torno da estrela ou através de enxames de sondas que capturam energia da estrela.

A procura por uma civilização do tipo II

Segundo o artigo publicado pela MNRAS, as esferas de Dyson poderiam emitir um sinal característico caso existissem. A ideia é que elas emitiriam em frequências do infravermelho e com uma radiação diferente da estrela que ela orbita. Dessa forma seria possível encontrar esferas de Dyson ao observar esses sinais de diferentes estrelas.

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Como essas estruturas estão associadas a civilizações, elas ofereceriam uma forma chamada de tecnoassinatura. Essas assinaturas estariam associadas ao nível de desenvolvimento tecnológico da civilização estudada. Assim como a bioassinatura, a tecnoassinatura seria uma possível evidência da existência de vida.

Candidatas

Utilizando dados dos surveys Gaia DR3, 2MASS e WISE, o grupo de astrónomos da Suécia argumenta que é possível encontrar sinais de esferas de Dyson já nesses dados. Cada survey mapeia o céu analisando posição e velocidade de estrelas e objetos. Com a combinação de cada survey seria possível encontrar alguma evidência tecnológica.

Os investigadores argumentam que após um filtro em cerca de 5 milhões de objetos, 7 sinais indicam um possível sinal de uma esfera de Dyson. Outros fenómenos astronómicos podem explicar a emissão no infravermelho, como poeira, mas o tipo de estrelas observadas não favorecem a existência de poeira em redor.

A procura continua

Apesar da existência dessas candidatas, ainda é cedo para confirmar que há a existência dessas esferas. Primeiro é necessário uma observação mais detalhada desses objetos e excluir todas as outras possibilidades. Caso seja confirmado, isso seria uma das maiores descobertas da Astronomia nas últimas décadas.

Referência da notícia:

Suazo et al 2024 Project Hephaistos – II. Dyson sphere candidates from Gaia DR3, 2MASS, and WISE Monthly Notices of the Royal Astronomical Society