Astronautas presos na Estação Espacial Internacional terão de esperar ainda mais para voltar para casa

O que foi originalmente programado como uma missão curta de 8 dias transformou-se numa estadia prolongada que poderá estender-se por pelo menos 10 meses. O que aconteceu?

Suni Williams e Butch Wilmore permanecem na ISS desde junho.
Suni Williams e Butch Wilmore permanecem na ISS desde junho.

A NASA enfrenta novos desafios no regresso dos astronautas Butch Wilmore e Suni Williams da Estação Espacial Internacional (ISS).

O que foi originalmente programado como uma missão curta de 8 dias transformou-se numa estadia prolongada que poderá estender-se por pelo menos 10 meses.

Atrasos no desenvolvimento e lançamento da nave espacial necessária para completar a rotação da tripulação foram a principal causa desta mudança.

Quando Wilmore e Williams descolaram para a ISS em junho, a expectativa era de que voltassem depois de pouco mais de uma semana. Porém, problemas técnicos com a nave espacial experimental Starliner, desenvolvida pela Boeing, alteraram o cronograma. Inicialmente, o seu regresso foi remarcado para fevereiro do próximo ano. Agora, devido a um novo atraso no lançamento de uma cápsula adicional necessária para a missão, o regresso só está previsto para o final de março ou mesmo abril.

Não há riscos para os astronautas

Apesar destes contratempos, a NASA garante que o prolongamento da estadia não representa risco para a saúde ou segurança dos astronautas. Em comunicado, a agência afirmou: “A Estação Espacial Internacional recebeu recentemente dois voos de reabastecimento em novembro e está bem abastecida com alimentos, água, roupas e oxigénio para a tripulação”. Além disto, foi confirmado que os envios incluíam itens especiais para que a tripulação pudesse comemorar as férias de Natal no espaço.

Para Simeon Barber, especialista da Universidade Aberta, o atraso, embora lamentável, não é incomum em missões espaciais. “Eles provavelmente estão desapontados por terem perdido o Natal em casa com os seus entes queridos. Mas são apenas mais dois meses de uma já longa missão, e tenho a certeza de que se lhes perguntar, eles dirão que a estação espacial é onde eles querem ir. Adoram estar lá", explicou Barber.

As causas do atraso no regresso dos astronautas à Terra

Os atrasos também estão ligados aos desafios na preparação para as próximas missões tripuladas. Segundo a NASA, a rotação da tripulação na ISS exige o lançamento de uma nova cápsula Dragon, desenvolvida pela SpaceX. Esta cápsula não estará pronta antes do final de março, o que adiou a substituição da tripulação atual e o regresso de Wilmore e Williams, juntamente com outros astronautas como Nick Hague da NASA e Aleksandr Gorbunov da Roscosmos.

O foguete Atlas V que levou os dois astronautas à ISS.
O foguete Atlas V que levou os dois astronautas à ISS.

Inicialmente, a NASA considerou usar uma cápsula Dragon diferente para acelerar o processo de rotação. No entanto, a decisão final foi esperar até que a nova cápsula estivesse totalmente preparada. Esta abordagem procura garantir a segurança e a eficiência da operação, mesmo que implique atrasos adicionais.

A complexidade das missões espaciais e a colaboração entre agências internacionais e empresas privadas, como a SpaceX e a Boeing, contribuem para a natureza dinâmica e muitas vezes imprevisível destas operações. A Estação Espacial Internacional, que está em órbita baixa da Terra, depende de um fornecimento constante de recursos e de uma rotação regular de tripulações para manter as suas operações. Apesar dos atrasos, a NASA sublinha que todas as decisões são orientadas pela prioridade de proteger os astronautas e garantir o sucesso da missão.

Por enquanto, Wilmore e Williams devem ajustar-se a uma estadia prolongada que testará a sua resiliência e o seu treino para missões de longa duração. Enquanto isso, equipas na Terra trabalham para resolver as questões técnicas e logísticas que permitirão que o regresso seja concluído com segurança.