Asteroide que teve impacto perto de Berlim identificado como um raro Aubrite
Depois de muito se especular acerca dos estranhos meteoritos que caíram perto de Berlim, no dia 21 de janeiro deste ano, a classificação oficial confirma agora que estes pertencem a um grupo raro chamado "aubrites".
Segundo o astrónomo especialista em meteoritos do Instituto SETI, Dr. Peter Jenniskens, estes meteoritos foram extremamente difíceis de encontrar pois, à distância, parecem-se com outras rochas da Terra, mas de perto, nem por isso, frisou.
Jenniskens viajou de São Francisco para Berlim para procurar nos campos a sul da aldeia de Ribbeck juntamente com o investigador do Museum für Naturkunde (MfN), Dr. Lutz Hecht, orientando uma equipa de estudantes e funcionários do MfN, da Freie Universität Berlin, do Deutches zentrum für Luft und Raumfahrt e da Technische Universität Berlin nos dias que se seguiram ao impacto.
Peter Jenniskens
Ao contrário de outros meteoritos que têm uma fina crosta de vidro negro devido ao calor atmosférico, estes meteoritos têm uma crosta de vidro maioritariamente translúcida. "Só descobrimos os meteoritos depois de uma equipa polaca de caçadores de meteoritos ter identificado o primeiro achado e nos ter mostrado o que procurar", disse Jenniskens. "Depois disso, as nossas primeiras descobertas foram feitas rapidamente pelos estudantes da Freie Universität Dominik Dieter e Cara Weihe."
De onde vieram estes meteoritos?
Os meteoritos são fragmentos do pequeno asteroide 2024 BX1, detetado pela primeira vez com um telescópio no Observatório Konkoly, na Hungria, pelo astrónomo Dr. Krisztián Sárneczky, seguido e depois previsto para impactar a atmosfera da Terra pelos sistemas de avaliação de risco de impacto Scout da NASA e Meerkat Asteroid Guard da ESA, com Davide Farnocchia do JPL/Caltech a fornecer atualizações frequentes da trajetória, e finalmente causando uma bola de fogo brilhante que foi vista e filmada.
Esta foi a quarta recuperação guiada por Jenniskens de um impacto de um asteroide tão pequeno, após um impacto de 2008 no Sudão, um impacto de 2018 no Botswana e um impacto de 2023 em França.
Os colaboradores de Jenniskens no MfN anunciaram oficialmente que os primeiros exames de uma destas peças com uma microssonda de feixe de eletrões comprovam a mineralogia e a composição química típicas de um acondrito do tipo aubrite. Este resultado foi apresentado à Comissão Internacional de Nomenclatura da Sociedade Meteorítica no dia 2 de fevereiro de 2024, para exame e confirmação.
O nome do meteorito provém da aldeia de Aubrés, em França, onde caiu um meteorito semelhante em 14 de setembro de 1836. O museu tem um fragmento desse tipo de meteorito na sua coleção.