Assassino silencioso: ar poluído é mais mortal que o álcool ou tabaco
Um relatório da OMS deixa claro que em 2022 quase toda a população mundial (99%) estará a respirar ar que não cumpre os limites de qualidade recomendados e põe em perigo a sua saúde. Saiba mais aqui!
Respiramos níveis pouco saudáveis de partículas finas e dióxido de azoto, e as pessoas que vivem em países de baixo e médio rendimento são as mais vulneráveis. Quais são as consequências da poluição atmosférica para a saúde?
As evidências científicas baseadas nos danos que a poluição atmosférica pode causar ao corpo humano têm vindo a crescer rapidamente e apontam para um prejuízo significativo, causado até mesmo por níveis baixos de muitos dos poluentes atmosféricos. Agora, de acordo com o último relatório anual do Instituto de Política Energética da Universidade de Chicago (EPIC), a poluição atmosférica diminui em mais de dois anos a esperança de vida em todo o mundo.
Poluição do ar, um "assassino silencioso"
É verdade, sim. A poluição do ar apresenta um número superior ao álcool, ao tabaco e até mesmo às vítimas do terrorismo. Os investigadores do EPIC descobriram que a poluição do ar por partículas (combinação de poeiras, fumo e pólen) permaneceu elevada, mesmo durante os confinamentos causados pela pandemia COVID-19, criando toda uma série de riscos para a saúde.
Michael Greenstone acrescenta que "Isto é semelhante à situação que prevalece em muitas partes do mundo. Exceto que nós é que estamos a pulverizar a substância, não alguns invasores do espaço exterior”. Assim, apesar de o mundo ter parado e de a economia global ter abrandado, a poluição média anual global por partículas (PM2,5) permaneceu praticamente inalterada em relação aos níveis pré-covid19, ou seja 2019.
Especificamente, a contração maciça da atividade pouco efeito teve nos níveis de poluição global (muito residuais). A média ponderada do material particulado diminuiu de 27,7 microgramas (um milionésimo de grama) por metro cúbico de ar para 27,5 microgramas por metro cúbico de ar entre 2019 e 2020, segundo detalha o relatório.
Números escandalosos
No relatório é descrito que a poluição atmosférica por partículas reduz a esperança média de vida global em 2,2 anos (total combinado de 17 mil milhões a nível mundial). Este impacto na esperança de vida é comparável ao do tabagismo, mais do triplo do consumo de álcool e de água não potável, seis vezes superior ao do VIH/SIDA e 89 vezes superior ao do conflito e do terrorismo. São números que fazem arrepiar a alma!
A poluição do ar pode levar a doenças cardiovasculares, AVC, cancro do pulmão e outras doenças respiratórias. Enquanto o consumo de cigarros reduz a esperança de vida em 1,9 anos, o consumo de álcool em oito meses e o terrorismo em apenas nove dias, o recentemente publicado Índice de Qualidade de Vida do Ar (AQLI) mostrou que a poluição por partículas ultrapassa de longe todas estas possibilidades.
Ao contrário dos cigarros ou do álcool, os investigadores do relatório declaram que a poluição atmosférica é "quase impossível de evitar".
As áreas mais poluídas do Globo
Mais de 97% da população mundial vive em áreas onde a poluição atmosférica excede as atuais diretrizes recomendadas pela Organização Mundial de Saúde. O relatório avança que o Sul da Ásia é a região mais poluída do mundo e onde o ar respirado é mais letal.
O aumento dos níveis de poluição ocorre à medida que a região se desenvolve e as populações crescem, o que conduz a uma maior utilização de combustíveis fósseis. O Bangladesh destaca-se, de longe, como o país mais poluído. Cerca de 44% do aumento da poluição mundial desde 2013 é proveniente da Índia.
Segundo o relatório, os Estados Unidos e a Europa "implementaram, em grande medida, com sucesso as rigorosas normas de poluição". Dado que a poluição atmosférica está profundamente ligada às alterações climáticas, a sua abordagem também ajudaria a proteger o clima do nosso planeta.
As pessoas poderão viver mais tempo, vidas mais saudáveis, vendo reduzidos os custos que as alterações climáticas acarretam, se a política implementada pelos governos diminuir a dependência dos combustíveis fósseis.