As temperaturas altas estão a ameaçar várias espécies no Reino Unido

O calor contínuo que se tem vindo a sentir e a falta de chuva têm colocado algumas espécies de animais em risco no Reino Unido, como é o caso de insetos e de peixes de lagos e rios.

Seca nos rios
As temperaturas em algumas zonas do Oceano Atlântico Norte estão a subir a pique devido à onda de calor que ocorreu ao largo das costas do Reino Unido, suscitando preocupações quanto ao impacto na vida marinha.

Os grandes rios europeus, importantes vias económicas e ecossistémicas, atravessam um período crítico devido às altas temperaturas e à falta de chuva que se tem vindo a registar. As consequências destes fatores apresentam uma gravidade elevada quer para a fauna e flora, quer para as vidas humanas. No caso do Reino Unido, de acordo com a serviço nacional de meteorologia do Reino Unido - Met Office -, o mês de junho foi considerado o mês de junho mais quente de que há registo.

De acordo com os dados provisórios do Met Office, a temperatura média de 15,8 °C para junho de 2023 no Reino Unido é a mais elevada de uma série desde 1884, com a Inglaterra, a Escócia, o País de Gales e a Irlanda do Norte a registarem também os respetivos meses de junho mais quentes de que há registo.

Uma morte sem precedentes

De acordo com um grupo de ambientalistas, Wildlife Trusts, numa entrevista à BBC, as altas temperaturas registadas no Reino Unido no mês de junho, levou à morte de peixes nos rios, assim como perturbou a vida de insetos e plantas.

“A natureza está a ser esmagada por condições meteorológicas extremas sem hipótese de recuperação.” afirmaram os Wildlife Trusts.

Segundo Mark Owen, da Angling Trust os relatórios sobre o número de incidentes de morte de peixes nos rios para esta altura do ano não têm precedentes. Seria de esperar que os rios fossem afetados mais tarde no verão, quando é mais quente e seco, não logo no início.

As mortes são em parte causadas pela diminuição do oxigénio presente na água à medida que o nível dos rios diminui. Os peixes também morrem quando os poluentes secos dos veículos nas estradas são arrastados para os rios durante as tempestades repentinas.

Uma outra observação que Ali Morse da Wildlife Trusts fez é que muitas plantas com flores, incluindo orquídeas, murcharam devido às altas temperaturas, o que significa que insetos como abelhas e borboletas que se alimentam de néctar e pólen terão menos alimento.

"Se tivermos um episódio pontual de poluição ou um incêndio florestal, normalmente há tempo para a natureza recuperar, mas agora parece estar a ser continuamente atingida por condições meteorológicas extremas." - Ali Morse.

Também as espécies com períodos de vida curtos são particularmente afetadas. Muitas borboletas são adultas apenas durante um curto período de tempo e, se não puderem aceder a alimentos durante esse período, a sua população é afetada.

Estes impactos são mais surpreendentes tendo em conta a primavera húmida e fria e são mais precoces do que no ano passado, acrescenta Morse.

Pressão no abastecimento de água

Estes períodos de tempo quente e cada vez mais frequentes e mais intensos estão a exercer uma pressão sobre o ambiente e o abastecimento de água do Reino Unido. As pessoas estão a consumir mais água, tendo a procura aumentado 25% nas horas de ponta nalgumas áreas.

Em julho e agosto de 2022, as empresas de água forneceram mais 1,2 mil milhões de litros de água do que nos mesmos meses de 2021, de acordo com a Water UK.

Os especialistas em água afirmam que os rios e reservatórios, que fornecem grande parte da água potável do Reino Unido, estão numa situação mais saudável do que na mesma altura do ano passado.

Mas é provável que o tempo seco tenha um impacto no abastecimento de água e, se o tempo quente continuar, esse abastecimento pode esgotar-se rapidamente. A Water UK está a encorajar os lares e as empresas a continuarem a poupar água para ajudar a salvaguardar contra potenciais condições de seca no futuro.

A população pode contribuir para ajudar a natureza a resistir aos impactos do calor extremo através de pequenas e simples ações, como colocar uma taça de água num jardim ou quintal para os ouriços, abelhas e borboletas sedentos. E a permanência da relva mais comprida, uma vez que é mais resistente ao tempo quente e dá às espécies um habitat muito necessário para viverem.