As piores secas na Europa dos últimos 2000 anos
As secas severas dos últimos anos na Europa são preocupantes e têm sido tema de estudo de diversas equipas de investigação.
Apresenta-se um estudo liderado pela Universidade de Cambridge que conclui que as secas e ondas de calor que têm ocorrido no verão na Europa têm-se intensificado nos últimos anos e são as mais severas dos últimos 2000 anos.
Secas recentes são as mais severas
O aquecimento global tem causado uma anomalia das temperaturas em diferentes partes do mundo e nos últimos anos, em especial desde 2014, na Europa tem-se acentuado a anomalia positiva da temperatura no verão, com ocorrência de secas e ondas de calor mais intensas.
Estas secas e ondas de calor severas favoreceram a ocorrência de incêndios florestais de grandes proporções na Europa e têm tido consequências ecológicas e económicas devastadoras para a Europa. Além disso, os baixos níveis dos rios impediram algum tráfego marítimo e afetaram o arrefecimento das centrais nucleares.
O estudo da Universidade de Cambridge, publicado na revista Nature Geoscience, baseia-se na análise dos isótopos de carbono e de oxigénio de 27.000 anéis de crescimento de 147 carvalhos na Europa Central que remontam ao Império Romano e conclui que estas secas são as piores dos últimos 2000 anos.
De acordo com o Prof. Ulf Büntgen, da Universidade de Cambridge, os resultados do estudo, com uma série de dados sem precedentes, mostram que a situação de seca e ondas de calor que se tem vivido é extraordinária.
Além do aquecimento global, a posição da corrente de jato na atmosfera, intenso escoamento do ar, ventos excecionalmente fortes a cerca de 11km de altitude, também poderá ter contribuído para esta situação extraordinária.
Futuro
Os cientistas preveem ondas de calor e secas mais extremas e mais frequentes no futuro, o que poderá ser devastador para a agricultura, ecossistemas e sociedades. Em meados deste século, prevê-se que as secas se tornem mais frequentes e ameacem diversos setores, desde o abastecimento de água e energia até aos transportes fluviais e à agricultura.
De acordo com o Joint Research Center (JRC), prevê-se que na Europa, a sub-região mediterrânica, que já é a que mais sofre com a escassez de água, seja a mais negativamente afetada pelas alterações climáticas no que toca às secas. Com o aumento do aquecimento global, prevê-se que os défices de caudal nesta região ocorram com maior frequência e sejam mais graves e prolongados.
Os investigadores afirmam que, se as temperaturas globais subirem 3 graus, mais 11 milhões de pessoas e 4,5 milhões de hectares poderão ficar expostos anualmente a secas que costumavam ocorrer apenas, em média, uma vez a cada dez anos. De futuro a situação de seca será mais grave devido à combinação de temperaturas mais elevadas e mais evaporação, conduzindo a perdas hídricas superiores.
Atendendo que as secas, cada vez mais frequentes, vão diminuindo os recursos hídricos do continente, é importante que as populações e as economias encontrem novas formas de se adaptarem.