As Nações Unidas avançaram com um projeto desafiante para implementação de sistemas de alerta precoce em todo o mundo
Com as alterações climáticas induzidas pelo Homem a conduzirem a condições meteorológicas mais extremas, a necessidade de sistemas de alerta precoce para desastres é mais crucial do que nunca.
Os sistemas que avisam as pessoas da iminência de tempestades, inundações ou secas não são um luxo, mas uma ferramenta rentável que salva vidas, reduz as perdas económicas e proporciona um retorno do investimento quase dez vezes superior.
“Early Warnings for All” - Alertas Precoces para Todos
De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), nos últimos 50 anos, o número de desastres registados aumentou cinco vezes. A aceleração é resultado em parte da ação humana sobre o clima.
Os sistemas de alerta precoce existentes em maior parte dos países ajudaram a diminuir o número de mortes e reduziram as perdas e os danos resultantes de fenómenos meteorológicos, hídricos ou climáticos perigosos. Mas ainda existem grandes lacunas, especialmente nos pequenos Estados insulares em desenvolvimento e nos países menos desenvolvidos.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 50% dos países em todo o mundo declaram ter sistemas adequados de alerta precoce contra riscos múltiplos, um terço da população mundial do mundo, principalmente nos países menos desenvolvidos e nos pequenos países insulares em desenvolvimento, ainda não estão cobertas por sistemas de alerta precoce e 70% de todas as mortes causadas por catástrofes relacionadas com o clima ocorreram nos 46 países mais pobres nos últimos 50 anos.
As pessoas que vivem nos países em desenvolvimento, em África, Sul da Ásia, América do Sul e Central e nos pequenos Estados Insulares têm 15 vezes mais probabilidade de morrer de desastres relacionados com o tempo e o clima, de acordo com as Nações Unidas.
Perante esta situação, a ONU convocou um painel de líderes de agências da organização, bancos de desenvolvimento, organizações humanitárias, sociedade civil e empresas para catalisar esforços políticos, tecnológicos e financeiros para garantir que avisos precoces contra desastres possam beneficiar todas as pessoas no mundo.
“Early Warning for All” assenta em quatro pilares para criar sistemas de alerta precoce eficazes e extensivo para vários perigos: Conhecimento do risco de catástrofes (liderado pelo Gabinete das Nações Unidas para a Redução do Risco de Catástrofes (UNDRR); Deteção, observação, monitorização, análise e previsão (liderada pela OMM); Divulgação e comunicação de alertas (liderada pela União Internacional das Telecomunicações (UIT)) e Capacidades de preparação e resposta (lideradas pela Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC)).
O Secretário-Geral das Nações Unidas propôs um foco inicial nos 30 países mais vulneráveis e parcerias com organizações que já atuam no tema.
Plano de Ação do “Early Warnings for All” – alguns aspetos
O Plano de Ação, elaborado pela OMM, como líder do projeto, apela a investimentos de 3,1 mil milhões de dólares em cinco anos, apenas 50 cêntimos por pessoa e por ano, para reforçar o conhecimento e a gestão do risco de catástrofes, a observação e previsão, a divulgação e comunicação de alertas e as capacidades de preparação e resposta.
O plano tira partido dos mecanismos de financiamento comuns existentes, bem como dos fundos multilaterais globais, incluindo o Fundo Verde para o Clima e dos bancos de desenvolvimento.
António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas
A iniciativa Alerta Precoce para Todos reúne o sistema mais vasto das Nações Unidas, os governos, a sociedade civil e os parceiros de desenvolvimento dos sectores público e privado para reforçar a colaboração e a ação acelerada com vista a colmatar as lacunas e a criar sistemas de alerta rápido multi-riscos centrados nas pessoas.
Através da coordenação e da colaboração, a iniciativa tem vindo a desenvolver e aumentar os esforços e as capacidades existentes, promovendo sinergias entre iniciativas e parcerias entre sectores para proteger vidas e meios de subsistência de riscos naturais como inundações, ondas de calor, tempestades e tsunamis.
Os Serviços Nacionais de Meteorologia e de Hidrologia, bem como os Serviços de Proteção Civil, são as agências de execução, enquanto entidades competentes nas respetivas áreas, e serão, assim, fundamentais para permitir a implementação a nível nacional.