As curiosas nuvens da Islândia
A 30 de abril de 2021, filas paralelas de nuvens alinhavam-se sobre o sudoeste da Islândia. Pareciam ser nuvens onduladas bonitas, mas relativamente comuns. Então, o que torna este exemplar de nuvens tão único e interessante? Contamos-lhe mais aqui!
As nuvens onduladas são uma componente visível das ondas internas da atmosfera. A sua origem reside em fatores como a topografia terrestre, como quando uma massa de ar é forçada sobre um obstáculo como um cume de montanha, um iceberg, uma ilha ou um vulcão. De acordo com o investigador de nuvens Bastiaan Van Diedenhoven, do SRON Netherlands Institute for Space Research, esta é uma explicação razoável para o padrão de nuvens visível a 30 de abril. Outros padrões semelhantes terão sido detetados em 2020.
No entanto, alguns cientistas pensam que as nuvens podem ter sido influenciadas pela erupção em Fagradalsfjall, um vulcão localizado na Península de Reykjanes, na Islândia. Se for este o caso, as nuvens onduladas na atmosfera foram formadas pela colisão de diferentes massas de ar, e não pela topografia.
Comecemos por recordar a erupção do passado dia 19 de março: um vulcão localizado no vale de Geldingaladur, perto da montanha de Fagradalsfjall, entrou em atividade na península de Reykjanes, sudoeste da Islândia, pelas 20h45 (hora local). Dois meses volvidos, o vulcão continua em atividade e terá influenciado a formação de nuvens onduladas. Isto torna-se mais evidente quando observamos a comparação de imagens de cores naturais e cores falsas adquiridas por satélite, no tweet abaixo.
A imagem de cores naturais à esquerda, adquirida pelo Operational Land Imager (OLI) em Landsat 8, mostra como as nuvens surgiram por volta do meio-dia de 30 de abril de 2021. Posteriormente, ainda na noite desse mesmo dia, o OLI adquiriu uma imagem em cores falsas da mesma área (direita), mostrando as emissões de luz infravermelha da erupção do Fagradalsfjall.
A erupção poderá ter influenciado as nuvens onduladas
Embora não esteja numa fase de erupção explosiva, o sistema vulcânico tem expelido muita lava quente desde o início da erupção em finais de março de 2021. A atividade de um dos cones intensificou-se em finais de abril, com fontes de lava a atingir centenas de metros no ar.
As nuvens onduladas foram provavelmente influenciadas pela erupção. Quem considera isto como uma forte possibilidade é Throstur Thorsteinsson, um cientista da Universidade da Islândia. Nos primeiros dias de maio, a erupção revelou uma atividade ainda mais intensa, começando um processo de pulsação vulcânica – isto é, iniciando e parando em intervalos de minutos. A pluma decorrente daqueles espasmos ardentes produziu o seu próprio padrão, único na atmosfera.