Ártico: um calor sem precedentes atinge Svalbard, Noruega

O arquipélago de Svalbard, situado no Círculo Polar Ártico, registou no último sábado a temperatura mais elevada de sempre, segundo informou o instituto de meteorologia da Noruega. O que está a provocar este calor sem precedentes? Contamos-lhe mais aqui!


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O calor extremo contínuo que se abateu sobre o arquipélago norueguês de Svalbard também está a provocar o rápido degelo de glaciares.

Svalbard é um arquipélago norueguês no oceano Ártico. Situa-se no norte da Europa continental, a meio caminho entre a Noruega continental e o Pólo Norte. As ilhas do arquipélago estendem-se de 74° a 81° de latitude norte, e de 10° a 35° de longitude leste. Está a cerca de mil quilómetros do Pólo Norte, nas profundezas do Círculo Ártico. O seu centro administrativo, a cidade de Longyearbyen, está situada a 78,2° de latitude norte.

Agora chegam relatos de que um calor sem precedentes abateu-se sobre estes territórios. Um recorde de 41 anos de calor foi batido em Longyearbyen entre as 17 e as 18 horas do passado sábado, 25 de Julho. Afinal, o que está a acontecer?

A que se deve este calor extremo?

De acordo com informações do instituto meteorológico da Noruega, a estação meteorológica de Longyearbyen registou uma temperatura máxima sem precedentes de 21,7 ºC, a uma latitude de 78° Norte. Estava portanto 0,4 ºC acima do recorde anterior estabelecido em 16 de Julho de 1979, o que a tornou a mais elevada jamais registada!

O calor extremo contínuo resulta de um regime muito favorável a uma forte adveção quente oriunda do norte da Rússia. Uma massa de ar muito quente está a ser empurrada em direção ao Círculo Árctico.

Em suma, temos aqui um panorama em que surge um grande sistema de baixa pressão na metade norte da Europa, e um sistema de alta pressão que está a leste. O calor extremo está também a provocar um considerável degelo dos glaciares.

De facto, esta situação sinótica estabeleceu-se firmemente durante este verão. É por isso que a maior parte do continente europeu está a sofrer com ondas de calor. Por exemplo, a Rússia Ártica e a Sibéria estão sob um verão extremamente quente e com uma longa temporada de incêndios florestais.

Registos meteorológicos: passado e futuro

Desde que há registos meteorológicos nestas ilhas norueguesas, este último sábado 25 de julho foi o segundo dia mais quente de sempre, tendo este pico anómalo de calor durado até segunda-feira, dia 27. As temperaturas normais para um mês de julho, o mais quente do Ártico, variam entre 5 ºC a 8 ºC em Svalbard.

Segundo o mais recente relatório oficial norueguês "Clima em Svalbard 2100", a temperatura média em Svalbard para o período 2070-2100 deve aumentar de 7 ºC a 10 ºC entre 2070 e 2100, dependendo do nível de emissões humanas nas próximas décadas. A mudança já é visível. "De 1971 a 2017, foi observado um aquecimento de 3 ºC a 5 ºC, com os maiores aumentos a ocorrerem no inverno", afirmou o relatório.