Ártico em transformação: está a aquecer mais rápido que o resto do mundo!

A região do Ártico, outrora congelada e coberta de neve, está a aquecer mais rapidamente do que qualquer outra parte do mundo.

Gelo
O Ártico está a perder a cobertura de gelo há mais de 50 anos.

A NOAA, Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA, divulgou o Boletim Ártico de 2022 que fornece uma informação detalhada de como o aquecimento da atmosfera está a transformar a região do Ártico.

Boletim Ártico da NOAA de 2022

O Boletim Ártico da NOAA de 2022 fornece uma visão importante da rápida mudança no Ártico e do seu impacto sobre o ambiente, ecossistemas, economias e comunidades locais.

O 15º capítulo do Boletim informativo, elaborado por uma equipa que inclui cientistas nativos do Alasca, descreve como a subida da temperatura do ar, a diminuição do gelo marinho, períodos mais curtos de cobertura de neve, aumento do fogo selvagem, aumento dos níveis de precipitação e mudanças nos padrões de migração animal e a sua abundância afetam profundamente a segurança, segurança alimentar, saúde, bem-estar económico e tradições culturais dos povos indígenas.

As principais conclusões do Boletim deste ano

A temperatura média do ar no Ártico entre outubro de 2021 e setembro de 2022 foi a sexta mais quente desde 1900, continuando uma tendência de décadas em que a temperatura do ar ártico subiu mais rapidamente do que a média global. Os sete anos mais quentes do Ártico, desde 1900, foram os últimos sete anos.

Tem-se verificado a queda constante da extensão de gelo do mar desde 1979. A extensão de gelo do mar Ártico em setembro de 2022 estava abaixo da extensão mediana para 1991-2020, e muito abaixo das condições medianas de gelo de 1981-2010.

Temperatura média ao longo dos anos; Ártico
A taxa de aquecimento da temperatura do ar ártico ultrapassou a taxa de aquecimento global. Fonte: NOAA Climate.gov, com base nos dados da ERA5 e da NASA.

A extensão do gelo marinho ártico foi superior a muitos anos recentes, mas muito inferior à média a longo prazo. A extensão plurianual do gelo, a espessura e o volume do gelo marinho recuperaram após 2021, mas estava abaixo das condições nos anos 80 e 90, sendo o gelo mais antigo extremamente raro.

As águas abertas desenvolveram-se perto do Pólo Norte durante grande parte do verão, permitindo o fácil acesso a embarcações turísticas e de investigação. A Rota do Mar do Norte e a Passagem do Noroeste também se encontravam largamente abertas.

Os aumentos mais significativos no tráfego marítimo no Ártico ocorrem entre os navios que viajam do Oceano Pacífico através do Estreito de Bering e do Mar de Beaufort. Isto abre oportunidades económicas para novas rotas comerciais e também coloca tensões potenciais causadas pelo homem sobre os povos e ecossistemas do Ártico.

Condições mais húmidas do que o normal predominaram em grande parte do Ártico entre outubro de 2021 e setembro de 2022. A precipitação aumentou significativamente desde os anos 50 em todas as estações e conjuntos de dados.

Extensão de gelo ao longo dos anos
Queda constante na extensão do gelo marinho desde 1979. Fonte: NOAA Climate.gov, com base em dados NSIDC.

Em meados de setembro de 2022, o tufão Merbok, que foi alimentado por água invulgarmente quente no Pacífico Norte, atingiu a costa ocidental do Alasca, trazendo uma tempestade destrutiva que fez com que as casas se soltassem das fundações e danificou as infraestruturas em várias comunidades costeiras e fluviais.

As temperaturas da superfície do mar do Oceano Ártico em agosto de 2022 continuaram a mostrar uma tendência de aquecimento, que tem sido observada desde 1982 para grande parte do Oceano Ártico sem gelo.

Este Relatório sublinha a urgência de enfrentar a crise climática e desencadear ações concretas para reduzir os gases com efeito de estufa.