O "arroz dourado" poderá salvar milhões de vidas anualmente

As projeções demográficas apontam para um crescimento acentuado da população, principalmente nos países em desenvolvimento. Um dos constrangimentos deste crescimento que terá que ser resolvido será o da alimentação. Fique a saber mais sobre esta matéria, connosco!

Arroz Dourado
Imagem ilustrativa do "arroz dourado", um tipo de alimento que pode entrar nos hábitos alimentares da população de países mais desfavorecidos.

A deficiência da Vitamina A (DVA ou VAD, na sigla em inglês), bem como a malnutrição, de uma forma mais geral, são problemas cada vez mais comuns, nomeadamente em áreas com elevada densidade populacional, onde a taxa de natalidade também regista valores muito elevados. Uma das formas de combater esta situação, segundo um estudo recentemente publicado, pode passar pela produção e introdução nos hábitos de consumo de um produto designado “arroz dourado” (Golden Rice, ou GR).

A DVA, de forma direta ou indireta, foi responsável por centenas de milhares de mortes em crianças até aos 5 anos, a nível global, no ano de 2013.

O Golden Rice é um produto geneticamente modificado que pode representar uma estratégia poderosa e economicamente atrativa de combate à DVA. Apesar deste estudo demonstrar algumas vantagens da produção deste alimento, apresentando-o como elemento que pode melhorar e até salvar vidas, apenas o governo das Filipinas autorizou a sua produção no país, há cerca de seis meses.

No que concerne à DVA, esta ocorre maioritariamente nos países em desenvolvimento, sendo muito pouco comum nos países desenvolvidos, onde os padrões alimentares permitem uma alimentação mais variada. O grupo etário mais afetado é o dos jovens, sendo que alguns países do continente asiático têm registado melhorias na taxa de incidência de DVA neste grupo etário.

Contudo, alguns países do Sudeste Asiático, bem como da Africa Subsariana continuam a registar elevadas taxas de incidência de DVA, que se traduz no risco acrescido de contrair um conjunto de doenças, nomeadamente algumas doenças infeciosas e diarreicas, problemas de visão ou até cegueira permanente, bem como outras perdas sensoriais e morte prematura. A DVA, de forma direta ou indireta, foi responsável por centenas de milhares de mortes em crianças até aos 5 anos, a nível global, no ano de 2013.

Apesar dos muitos esforços desenvolvidos nos últimos anos, a DVA não foi erradicada, por um conjunto de razões das quais se destacam a escassez de produtos de origem animal em certos mercados. Essa escassez faz com que os preços subam e se tornem incomportáveis para o consumidor de classe mais baixa ou mesmo média-baixa (que representam uma fatia considerável da população nos países mais pobres). Assim, a alimentação de milhares de milhões de jovens torna-se pouco rica e variada.

Impacte do Golden Rice

Em certas áreas, como o Sudeste Asiático, o arroz branco, bem como outros cereais, é facilmente encontrado no mercado (a um preço baixo) sendo a base da alimentação de muitas famílias. Contudo, este alimento não resolve os problemas de nutrição, nomeadamente a incidência da DVA.

O “arroz dourado”, desenvolvido durante a década de 90 do séc. XX e na primeira década do séc. XXI está a provar ser uma fonte eficaz de Vitamina A para os seres humanos, sendo que a sua produção pode alargar-se ao Bangladesh dentro em breve. Estudos indicam que substituir o arroz branco por arroz dourado pode fornecer “89% a 113% e 57% a 99% das necessidades de Vitamina A recomendada para crianças em idade pré-escolar, no Bangladesh e nas Filipinas, respetivamente.”.

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Para além do impacte na nutrição, a produção do “arroz dourado” é economicamente viável. O atual modelo de produção do arroz branco centra-se na aplicação de aditivos de Vitamina A e Zinco antes e depois da colheita, o que torna este produto 5% ou 6% mais caro, sem ter grande influência na produtividade. No entanto, a produção de “arroz dourado” não representa nenhum custo extra para os governos, produtores ou consumidores, quando comparado com o arroz convencional.

Nos dias que correm, ainda há um estigma muito grande quando se abordam questões relacionadas com os alimentos geneticamente modificados e a engenharia genética na atividade agrícola. Ponderando todos os aspetos positivos e negativos, é essencial que se aposte no desenvolvimento humano, facultando mais e melhores condições de vida a quem mais necessita.