Arroz carolino Caravela. Primeira variedade de arroz 100% portuguesa já está à venda e promete “versatilidade”
Depois de mais de 15 anos de investigação e de testes no âmbito do Programa Nacional de Melhoramento Genético do Arroz, já está nos supermercados a primeira variedade de arroz produzida a partir de uma semente 100% portuguesa.

Portugal é o quarto produtor de arroz da União Europeia, tendo à sua frente Itália, Espanha e Grécia. É, no entanto, o país europeu com maior consumo per capita deste cereal, consumindo cerca de 18 quilos por ano, ou seja, quatro vezes superior à média europeia.
Área de produção de 25 mil hectares
Em 2023, a produção portuguesa atingiu cerca de 171 mil toneladas de arroz em casca, o que representou um aumento de 10% face à campanha anterior (2022). Já em 2024, verificou-se uma queda, para as cerca de 150 mil toneladas. A área cultivada ronda os 25 mil hectares.
A produção de arroz está concentrada principalmente em três regiões, ao longo dos estuários dos rios Tejo e Sorraia (55% da área), Sado (25% da área) e Mondego (20% da área). A variedade de arroz mais cultivada é o carolino.
Ora, justamente no arroz carolino, Portugal conta agora com uma nova variedade integralmente desenvolvida no nosso país. Foi batizado com a marca Caravela.
As primeiras embalagens deste arroz 100% português já chegaram aos supermercados do grupo Sonae e o produto lá contido promete primar pela “versatilidade, sabor e textura”.
Ministro da Agricultura no dia de campo
No dia 1 de outubro do ano passado, o ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, tinha visitado o polo de Inovação de Salvaterra de Magos do INIAV, num dia de campo dedicado ao arroz que reuniu vários atores da fileira e que também serviu para apresentar o novo projeto Caravela, nas várias etapas de desenvolvimento desta primeira variedade de arroz português.

Já em março deste ano, em declarações à comunicação social, Lourenço Palha, secretário técnico do COTArroz, referia que uma das principais vantagens desta nova variedade é a resistência ao fungo Magnaporthe oryzae, um dos mais prejudiciais para os campos de arroz.
Ondina Afonso, presidente do Clube de Produtores Continente, destaca justamente essa característica, explicando que esta nova semente, 100% portuguesa, foi desenvolvida para garantir “excelência em produtividade, resistência a doenças e perfeita adaptação às características do solo e condições climáticas nacionais”.
Em termos gastronómicos, o arroz carolino Caravela é “um arroz versátil”, adequado para cozinhar pratos tradicionais portugueses como arroz de marisco, de tomate e de feijão, já que “mantém a integridade do bago após a cozedura”.
Segundo aquela responsável, estamos perante “um contributo relevante na valorização da agricultura nacional”, assim como na “promoção dos produtos locais”, ao mesmo tempo que “evidencia os benefícios de uma maior ligação” entre os agricultores e os consumidores.
“Esta colaboração, orgulhosamente portuguesa, destaca-se pela sua importância e reflete o nosso compromisso com a investigação e a sustentabilidade da produção nacional”, afirma ainda Ondina Afonso, citada em comunicado.

Graças a esta parceria, o Continente torna-se assim, no “primeiro retalhista a oferecer um arroz 100% português” aos consumidores, baseado no modelo promovido pelo Clube de Produtores Continente há mais de 25 anos, que envolve a colaboração de todos os elos da cadeia de valor.
“Estamos a combinar a tradição com as atuais tendências de consumo, valorizando um ingrediente tradicional da culinária portuguesa que, ao mesmo tempo, responde às necessidades dos consumidores devido às suas características únicas”, sublinha ainda a presidente do Clube de Produtores Continente.