Aquecimento global e El Niño aceleram a subida do nível médio do mar entre 1993 e 2023, segundo a NASA
Os dados de satélites da NASA revelam uma aceleração preocupante na subida do nível do mar, principalmente devido ao aquecimento global, mas com influência do El Niño no último ano.
Dados de satélites da NASA revelam uma aceleração na subida do nível médio do mar entre 1993 e 2023. A análise, liderada pela agência espacial americana, indica que o aquecimento global é o principal responsável, mas o fenómeno El Niño também contribuiu para o aumento significativo observado no último ano.
NASA alerta para uma variação positiva de 105% na subida do nível do mar
De acordo com os resultados observados pela NASA, a taxa de elevação do nível do mar passou de 2,1 mm por ano no período de 1993 a 2003 para 4,3 mm por ano entre 2013 e 2023. Este aumento de 105% representa uma intensificação de 1,1 mm por ano a cada década nas últimas três décadas.
A aceleração relativamente significativa registada entre 2022 e 2023, estimada em 0,76 cm, é atribuída principalmente ao aquecimento global e ao desenvolvimento de condições intensas de El Niño no Oceano Pacífico. Para efeitos de comparação, este aumento equivale ao drenar de aproximadamente 1/4 do Lago Superior, localizado entre os Estados Unidos e o Canadá, para o oceano ao longo de um ano.
A animação divulgada pela NASA, na última semana, baseia-se num conjunto de dados de nível do mar com mais de 30 anos de observações por satélite. A série histórica teve início com a missão franco-americana TOPEX/Poseidon, lançada em 1992, e estende-se até à missão Sentinel-6 Michael Freilich, lançada em novembro de 2020.
Aquecimento global e El Niño são os principais responsáveis pela subida de águas
O aumento do nível do mar é uma consequência direta do aquecimento global. Desta forma, se por um lado se regista o aquecimento do planeta, por outro as calotas polares têm vindo a derreter, adicionando um volume de água extra aos oceanos. Além disso, o próprio aquecimento da água do mar leva à expansão térmica, ocupando um volume maior.
Esta elevação do nível do mar tem implicações sérias para as regiões costeiras a nível internacional. As inundações costeiras mais frequentes e intensas, a erosão do litoral e a salinização de terrenos agrícolas são apenas algumas das ameaças que estas comunidades estão a ver intensificadas.
Do mesmo modo, especialistas da área conferem que a aceleração observada na subida do nível do mar torna estas ameaças ainda mais preocupantes.
Medidas urgentes são fundamentais para a mitigação e adaptação
É fundamental a implementação de medidas urgentes para mitigar e adaptar ao aquecimento global, reduzindo as emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE) e, sobretudo, criando condições para que a adaptação se faça de modo realista.
De facto, é necessário o investimento em estratégias de adaptação para as comunidades costeiras. Entre as principais medidas de adaptação, incluem-se a construção de diques e barreiras marítimas, a realocação de infraestruturas e equipamentos críticos para áreas mais elevadas e o desenvolvimento de sistemas de alerta precoce para inundações costeiras.
Perante a subida do nível médio das águas do mar, sobretudo em cidades costeiras, podemos pensar em medidas de acomodação (elevação de equipamentos e infraestruturas); de relocalização (recuo planeado de equipamentos e infraestruturas, de entre um conjunto de medidas de proteção leve e pesada); de intervenção pesada (construção de estruturas que funcionem como barreiras de proteção, como esporões, quebra-mares destacados ou molhes); e de intervenção leve [alimentação artificial de praias, com a descarga de areia compatível quer nas áreas submersas, como nas visíveis (emersas)].
Não esquecer, porém, que perante os desafios que se colocam às áreas do litoral a nível internacional será, cada vez mais, essencial pensar-se em campanhas de monitorização, educação e sensibilização perante o risco.