Amêndoas, nozes e pinhões fazem bem à saúde e Portugal está a crescer neste setor

Comer nozes, avelãs, amêndoas, pinhões ou outros frutos secos regularmente, em doses moderadas, é uma recomendação de sa��de de numerosos nutricionistas. Em Portugal, a área de amendoal está a crescer e atrai investidores nacionais e estrangeiros.

Amêndoa
Em 2024, entraram em produção em Portugal pelo menos mais 6.000 hectares de amendoal, dos quais mais de 4.000 hectares na região de Alqueva (Alentejo).

Os frutos secos fazem parte do padrão alimentar mediterrânico, são ricos em fibras, hidratos de carbono, minerais (potássio, cálcio, ferro e ácido fólico), vitaminas e, em especial, em gorduras insaturadas. Estas, ajudam a reduzir os níveis de mau colesterol no sangue e, consequentemente, a prevenir doenças, como o enfarte do miocárdio ou o acidente vascular cerebral (AVC). Os benefícios da ingestão destes produtos constam do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) do Ministério da Saúde de Portugal.

Se, até há poucos anos, grande parte destes frutos provinha da importação, o seu acesso em Portugal, sobretudo da amêndoa, é cada vez maior, graças ao surgimento de novas plantações, sobretudo no Alentejo (na região irrigada pelo Alqueva), na Beira Interior e em Trás-os-Montes.

Investidores nacionais, mas, também, estrangeiros têm apostado no setor, de que é exemplo o grupo luso-brasileiro Vera Cruz, que em 2019 investiu cerca de 50 milhões de euros na instalação de mais de três milhões de amendoeiras em dois mil hectares de terrenos na região do Fundão e Idanha-a-Nova. A meta de produção é atingir quatro mil toneladas por ano de amêndoa de variedades tradicionais mediterrânicas.

Amêndoa
Portugal representa apenas 1% do mercado mundial da amêndoa, por contraponto ao maior produtor, os Estados Unidos, que detém 75% da quota mundial.

Em 2024, entraram em produção em Portugal pelo menos mais 6.000 hectares de amendoal, dos quais mais de 4.000 hectares na região de Alqueva (Alentejo). Fruto deste incremento, o país deverá figurar no top 5 dos principais players mundiais do setor.

Área de amendoal mais do que duplicou

A Portugal Nuts - Associação de Promoção de Frutos Secos reuniu em maio, na cidade de Beja, mais de 400 participantes no seu III congresso. Os números divulgados durante o encontro apontam para que a produção de miolo de amêndoa possa triplicar nos próximos cinco ou seis anos, quando estas plantações atingirem o potencial máximo, chegando às 60 mil toneladas.

O diretor executivo da Associação, António Saraiva, considera que a cultura do amendoal “deve ser reconhecida como de importância estratégica para o país” e deixou um desafio à Administração Pública para que haja “um claro apoio para o seu crescimento”. António Saraiva referia-se às dotações de rega adequadas ao amendoal, às soluções fitossanitárias para fazer face à diminuição dos riscos de pragas e doenças e, até, às regras dos seguros de colheitas, que, diz, defende devem ser “adaptadas às características desta cultura”.

O comportamento futuro dos mercados, o aumento do consumo de frutos secos, os efeitos das alterações climáticas nas amendoeiras, a importância da transformação da água e a intensificação dos sistemas de produção sustentáveis foram alguns dos temas em debate nos vários painéis de discussão no congresso.

Os últimos dados do Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos (CNCFS) mostram que a produção de amêndoa com casca em Portugal passou de 7.012 toneladas em 2010 para 46.215 toneladas em 2022. A área de produção, essa, mais do que duplicou, no período em análise, passando de 26.842 hectares em 2010 para 63.884 hectares em 2022.

Só os 56 produtores associados da associação Portugal Nuts cultivam 17.414 hectares de amendoal e 1.357 hectares de nogueiral, ou seja, 25% da produção total do país em ambas as culturas.


Portugal representa apenas 1% do mercado mundial do setor, por contraponto ao maior produtor, os Estados Unidos, que detém 75% da quota mundial de amêndoa.

Portugal representa apenas 1% do mercado mundial do setor, por contraponto ao maior produtor, os Estados Unidos, que detém 75% da quota mundial de amêndoa. Ainda assim, em 2022 Portugal exportou 28.786 toneladas de amêndoa com casca para Espanha e 2.993 toneladas sem casca. Para a Alemanha foram exportados, no mesmo ano, 298 toneladas, seguindo-se França, com 142 toneladas de amêndoa sem casca.

Os últimos quatro anos foram quentes e secos

No pinhão, os números não são tão expressivos como na amêndoa e os dados conhecidos, da campanha de produção de 2022/23, mostram uma produção média, por comparação a outros anos, com baixos rendimentos em miolo de pinhão e muita heterogeneidade de local para local. É preciso notar que a produção da pinha é influenciada por fatores climáticos, sendo o mais limitante o stress hídrico e os últimos quatro anos foram quentes e secos.

Dados revelados no início deste ano pela União da Floresta Mediterrânica (UNAC) mostram que, nos últimos anos, o maior aumento do preço de miolo de pinhão foi entre 2018 e 2021, com um preço máximo de 66,50 euros/quilo, atingido em 2020/21. Em 2021/22, o preço do miolo de pinhão decresceu 10,8% face à campanha anterior, mas o valor registado – 60 euros/quilo -, foi o segundo mais elevado desde 2006. Durante a campanha de 2022/23 o preço do miolo de pinhão sofreu um novo decréscimo, de 15,4%, chegando aos 52 euros/quilo.

A colheita, transporte, armazenamento, transformação, importação e exportação de pinhas da espécie Pinus pinea L. (pinheiro-manso) em território continental é regulada pelo Decreto-Lei n.º 77/2015, de 12 de maio.