Amazónia: nunca a destruição da floresta tropical foi tão acelerada
Apesar de todos os avisos, a ação do Homem na Natureza continua a ser bem visível, privilegiando a destruição em vez da preservação. Áreas essenciais do globo continuam a sofrer e nada parece abrandar a ganância do ser humano. Saiba mais sobre este tema, connosco!
O número de árvores abatidas na parte brasileira da floresta amazónica durante o mês de janeiro, superou em muito os números do mesmo mês do ano passado. Os madeireiros que florescem na região abateram cinco vezes mais árvores em relação a janeiro de 2021, algo que foi possível constatar através da análise de dados obtidos pelos satélites governamentais.
Desde 2015 que os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), sediado em São Paulo no Brasil, monitorizam, através da recolha de imagens, a evolução da desflorestação da região amazónica. Tendo em conta esta análise, chegou-se à conclusão que o número de árvores abatidas durante o último mês bateu todos os recordes.
Este processo de desflorestação, do ponto de vista de quem o executa, é essencial principalmente do ponto de vista económico: a madeira de excelente qualidade é cada vez mais valiosa. Algumas comunidades locais argumentam que necessitam desta atividade (e de outras que estão diretamente relacionadas) para sobreviverem, enquanto outras lutam para preservar a floresta e os modos de vida associados.
A área deixada “vazia” pela desflorestação é ocupada com campos agrícolas e com explorações de criação de gado, que abastecem empresas a uma escala global, visando suprir as cada vez maiores necessidades alimentícias da população em países desenvolvidos.
A área desflorestada em janeiro deste ano rondou os 430 km2, uma área equivalente a sete vezes a baixa de Nova Iorque (Manhattan) e cerca de dez vezes maior que a área da cidade do Porto. Este tipo de ação, nesta altura do ano, é apontado por especialistas locais como pouco comum, pois geralmente a época das chuvas impede o acesso por parte dos madeireiros às áreas de floresta mais densa.
Responsáveis e desafios para o futuro
O principal responsável da ocorrência desta desflorestação em massa é, segundo os ambientalistas, o próprio presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que demonstra ser conivente com o aceleramento deste processo. O presidente e o seu governo promoveram um enfraquecimento da legislação de proteção ambiental que vigorava, alegando que a área deveria ser explorada de forma a reduzir o empobrecimento da população local.
É importante relembrar que o próprio presidente do Brasil se comprometeu, na última cimeira climática, em novembro de 2021 em Glasgow (a COP26), a interromper a tendência crescente de desflorestação, promovendo a reversão do processo até ao final da corrente década. Para além deste chefe de estado, mais de 100 líderes mundiais subscreveram a mesma promessa – parar a desflorestação até 2030!
Os últimos dados de satélite do INPE contradizem a promessa feita no ano anterior, ou seja, colocam um ponto de interrogação nos compromissos assumidos pelo governo brasileiro em proteger a sua enorme floresta tropical. Algumas organizações brasileiras de defesa do ambiente fizeram um pedido público às grandes cadeias de retalhistas no Reino Unido para que retirem fornecedores que comprovadamente participem ou colaborem com a desflorestação.
A preservação destas áreas será um desafio para o futuro, pois são áreas essenciais na luta contras as alterações climáticas. A vasta floresta tropical gerida pelo governo brasileiro e pelos poderes locais (Governos Estaduais) absorve enormes quantidades de gases com efeitos de estufa, como o CO2, servindo de bacias de retenção de carbono. No entanto, à medida que a desflorestação é acelerada, a capacidade de reter estes gases diminui drasticamente.