Algarve garante abastecimento de citrinos ao mercado nacional e internacional
Apesar da crescente apreensão devido à escassez de água no Algarve, a produção de laranja está dentro das previsões. A Associação de Operadores de Citrinos do Algarve aumentou em 4,5% as vendas nos primeiros seis meses da campanha agrícola.
Aproximadamente 74% da área e 88% da produção de citrinos em Portugal - laranjas, clementinas, tangerinas, limões, entre outros - está localizada no Algarve. A produção de laranja na região está a decorrer de acordo com as previsões, com “um ligeiro aumento” das variedades de inverno e um “aumento mais acentuado” das variedades de primavera (Lane Late) e verão (Valência Late e D. João), face à campanha anterior.
A informação foi avançada em finais de maio pela AlgarOrange – Associação de Operadores de Citrinos do Algarve, entidade criada em 2018 com a missão de representar e defender os Citrinos do Algarve.
“Não há laranja como a do Algarve e a origem deve ser valorizada pelo consumidor”, garante José Oliveira, presidente da AlgarOrange, lembrando que a certificação IGP - Indicação Geográfica Protegida “garante que o produto que se está a comprar tem características únicas, que o distinguem de outros”. Entre elas, “a casca fina, colorida e brilhante, um elevado teor de sumo, sabor doce inconfundível”, fruto do clima, do relevo e do solo, ou seja, da sua origem de produção.
Os Citrinos do Algarve estão classificados com Indicação Geográfica Protegida pela União Europeia (UE) desde 21 de junho de 1996, em consequência da elevada qualidade que caracteriza os citrinos produzidos na região, das suas propriedades e da sua reputação junto dos consumidores. O agrupamento gestor da IGP Citrinos do Algarve é a UNIPROFRUTAL - União dos Produtores Horto-Frutícolas do Algarve.
Este ano, as estimativas de produção das variedades em colheita e por colher dos produtores associados da AlgarOrange fazem prever que a campanha de citrinos se irá prolongar até finais de setembro/inícios de outubro. A associação faz notar que, graças às diferentes variedades plantadas e aos ritmos de amadurecimento distintos, “é possível ter citrinos frescos do Algarve praticamente durante todos os meses do ano”.
Reduzir o consumo de água em 50%
Num contexto em que as alterações climáticas trazem desafios à produção agrícola e em que os “custos de produção também disparam”, consumir citrinos nacionais “é também contribuir para a dinamização do território, não só a nível económico, mas social e ambiental”, sublinha o presidente da AlgarOrange.
Os produtores de citrinos do Algarve dizem-se “empenhados em tomar todas as medidas possíveis para combater os efeitos das mudanças climáticas, através da tecnologia disponível e do investimento em inovação e desenvolvimento”.
Para além de abastecer o mercado nacional, os citrinos produzidos no Algarve são dos frutos mais exportados por Portugal. Em 2023, as exportações destes produtos ultrapassaram os 197 milhões de euros, mais 10,4 milhões face ao ano anterior.
Olhando para a década 2011-2021, a área de citrinos cresceu, em média, 1% ao ano no nosso país, sobretudo a cultura da laranja, limão e tangerina. Os dados do Sistema de Informação de Mercados Agrícolas (SIMA) mostram ainda que, no período entre 2001-2021 tinha sido registado um decréscimo de área de 20%, com exceção da cultura do limão. Em 2021, o Algarve era a região agrária com maior importância no setor (74,1%), seguindo-se o Alentejo (8,6%), o Ribatejo e Oeste (6,5%) e o Entre Douro e Minho (3,6%).
Produção mundial de laranja cai 5,66% em 2024
Através do SIMA é possível perceber que, em 2020, havia 991 empresas de citrinos a operar em Portugal e 50 organizações de produtores (OP) certificadas em frutas e produtos hortícolas. O volume de negócios das empresas de citrinos atingiu os 72 milhões de euros nesse ano.
A nível global, e de acordo com as primeiras previsões da Organização Mundial de Citrinos (OMA, na sigla em inglês), a campanha de 2024 no hemisfério Sul deverá diminuir 0,77% face ao ano anterior. Na Argentina, Austrália, Bolívia, Brasil, Chile, Peru, África do Sul e Uruguai a produção de citrinos está estimada em 24,34 milhões de toneladas, este ano.
De acordo com a OMA, e por variedade, a produção mundial de laranja deverá diminuir 5,66% em relação a 2023, para 15,48 milhões de toneladas. A produção de tangerinas deverá aumentar 11,58%, para 3,33 milhões de toneladas, e a de limão deverá subir 5,69%, para 3,24 milhões de toneladas, ou seja, mais 10,57% face a 2023.