Agrosemana terminou este domingo. Governo garante que os agricultores “não serão esquecidos”

O primeiro-ministro e os ministros da Coesão Territorial e da Agricultura visitaram, juntos, a 10ª edição da Feira Agrícola do Norte, que terminou este domingo na Póvoa de Varzim. Em plena crise do setor do vinho e no rescaldo da rescisão, pelo Pingo Doce, do contrato com 14 produtores de leite, os governantes garantiram: “os agricultores portugueses não serão esquecidos”.

pecuária
A Feira Agrícola do Norte (Agrosemana) celebrou este ano a sua 10.ª edição, regressando ao Espaço AGROS, na Póvoa de Varzim. Ao longo dos quatro dias de certame decorreu o Concurso Nacional da Raça Holstein-Frísia e o Concurso de Jovens Manejadores.

O setor do vinho está ao rubro por estes dias, em particular na Região Demarcada do Douro, com volumosos stocks de anos anteriores por escoar em plena época de vindimas. E a última semana também trouxe más notícias ao setor lácteo, depois da rescisão do contrato com 14 produtores de leite, pela empresa Terra Alegre, do universo Jerónimo Martins, que detém a marca Pingo Doce, a partir de janeiro de 2025.

Idalino Leão, presidente da AGROS - União de Cooperativas de Produtores de Leite, que agrega 44 cooperativas de cinco distritos do Norte do país, recebeu na Agrosemana, a Feira Agrícola do Norte, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, o ministro Adjunto e da Coesão, Manuel Castro Almeida, e o ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes.

Perante os governantes, o também presidente da CONFAGRI - Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal centrou a sua intervenção na ideia de que o setor agrícola e agroalimentar precisa de estabilidade, previsibilidade e rentabilidade. E lembrou ao Governo que “é fundamental que exista uma articulação interministerial”, nomeadamente ao nível da Educação, Ambiente, Saúde, Coesão e Turismo.

Idalino Leão também reivindicou a necessidade de o Estado português “usar todas as suas forças para que a agricultura seja reconhecida”. Reconhecida, “não apenas pela sua relevância na soberania alimentar e economia portuguesas, mas também na saúde, educação e na coesão territorial e social do nosso país”, disse Idalino Leão.

Trabalhar com o setor primário

Em resposta, os dois ministros fizeram questão de garantir que “os agricultores portugueses não estão, nem serão, esquecidos por este Governo”. A promessa deixada na Agrosemana, na Póvoa de Varzim, foi de que o Executivo “continuará a trabalhar para que, passo a passo, o setor primário se possa rever em promessas cumpridas”.

O ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, assumiu que, para o Governo, “a agricultura é estratégica e estruturante”. Já o ministro da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, garantiu que “a agricultura está no centro das políticas públicas deste Governo”.

José Manuel Fernandes disse estar certo de que “serão dados passos para harmonizar entendimento entre o setor da agricultura e o do ambiente”. Manuel Castro Almeida declarou que os fundos da Política de Coesão têm que ter um papel maior no apoio à agricultura, dado que “não há desenvolvimento regional nem coesão territorial sem uma agricultura forte”.

Assim, “na medida do possível, tanto quanto o permitam as regras europeias, vamos colocar os fundos da coesão ao serviço da agricultura”, reforçou o ministro da Coesão.

A Feira Agrícola do Norte celebrou este ano a sua 10.ª edição, regressando ao Espaço AGROS, na Póvoa de Varzim, no distrito do Porto. De 29 de agosto a 1 de setembro, o evento voltou a afirmar-se como um dos principais palcos de promoção e valorização do setor agrícola da região Norte.

A visita aos campos de ensaio foi um dos momentos altos, logo no primeiro dia. É ali que produtores têm a oportunidade de observar um circuito de variedades de milho mais adaptadas à região.

A Feira contou também com as habituais Agrovisitas, onde se deu a conhecer, in loco, o dia-a-dia dos agricultores com os seus animais. Ao longo dos quatro dias de certame decorreu também o Concurso Nacional da Raça Holstein-Frísia e o Concurso de Jovens Manejadores. O objetivo foi “proporcionar uma experiência completa para os visitantes, combinando conhecimento técnico, inovação agrícola e momentos de lazer para toda a família”.

vinho
O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, revelou, durante a visita à Agrosemana, que requereram “uma audição urgente do ministro da Agricultura e Pescas no Parlamento”, para exigir medidas para responder ao “problema gravíssimo” dos produtores vinícolas.

PCP solidário com produtores de vinho e de leite

O evento, que é anualmente organizado pela Agros, recebeu a visita das comitivas de alguns partidos políticos com assento parlamentar – PCP e Iniciativa Liberal –, e voltou a assumir o objetivo de “criar uma ligação única entre o mundo rural e urbano”.

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, que visitou o certame na última sexta-feira, não deixou passar em claro o momento difícil que se vive no setor do vinho em Portugal, falando de “uma situação de emergência na vitivinicultura portuguesa”.

Revelou, aliás, que requereram “uma audição urgente do ministro da Agricultura e Pescas no Parlamento”, para exigir medidas para responder ao “problema gravíssimo” dos produtores vitivinícolas.

Paulo Raimundo disse na Agrosemana que o Governo deve apoiar “aqueles que criam a riqueza, aqueles que produzem o leite, o vinho e os cereais”. Referiu, aliás, que “é isso que é preciso fazer, por exemplo, para aqueles produtores de leite que viram os seus contratos agora negados por essa grande cadeia de distribuição [Pingo Doce]”.