Abril de 2024 foi o abril mais quente do globo nos 175 anos de registo

A NOAA divulgou a análise da temperatura global referente ao mês de abril de 2024 e concluiu que se registou mais um mês a bater recorde de temperatura. Foi o abril mais quente da Terra, desde 1850, ano em que se iniciaram os registos.

Globo
A nível do globo, abril bateu recorde de temperatura para este mês.

Os Centros Nacionais de Informação Ambiental (NCEI-National Centers for Environmental Information) da NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) dos EUA calculam mensalmente a anomalia da temperatura média global tanto da superfície da terra como da superfície dos oceanos.

Onze meses consecutivos de temperatura recorde na Terra

Segundo os cientistas dos Centros Nacionais de Informação Ambiental da NOAA, a temperatura média global da superfície terrestre e oceânica em abril foi 1,32 ° C acima da média do século XX, que é de 13,7 °C. Isto é 0,18 °C mais elevado do que o anterior recorde de abril estabelecido recentemente, em 2020.

Abril de 2024 é o décimo primeiro mês consecutivo de temperatura global recorde.

Este abril marcou também o 48º mês de abril consecutivo com temperaturas globais, acima da média do século XX.

Anomalia da temperatura
Anomalias da temperatura média da superfície do globo, no mês de abril, no período de 1850 a 2024. Fonte: NOAA Global Climate Report April 2024

A temperatura global de abril, apenas em terra, foi a mais quente de que há registo, com 1,97 °C acima da média e a temperatura oceânica também foi a mais quente de que há registo em abril, com 1,03 °C acima da média.

As temperaturas estiveram muito acima da média em grande parte da América do Sul, África, Europa Central e do Sul, sudoeste da Rússia e Turquia, bem como em grande parte do Extremo Oriente da Ásia. Também se registaram temperaturas muito mais elevadas do que a média em grande parte do nordeste dos EUA e em grande parte do norte do Canadá.

As maiores anomalias de temperatura, mais de 3 °C acima da média, ocorreram no norte do Canadá, oeste e norte da Gronelândia, Europa de Leste, Ásia Central, sudeste da Ásia, leste da China e partes do leste da Rússia.

Numa área que se estende da Índia ao Sudeste da China e às Filipinas, as temperaturas recordes que se registaram foram devidas em parte a uma onda de calor no final de abril, com temperaturas máximas diárias superiores a 38-43 °C. Durante a última quinzena de abril, na região, houve 75 estações meteorológicas com temperaturas máximas superiores a 40,5 °C. As temperaturas mínimas também foram extremamente elevadas, atingindo valores superiores a 26,5 °C.

Este mês, 14,7% da superfície terrestre foi coberta por temperaturas máximas recordes.

Este valor, 14,7%, é mais do dobro do segundo valor mais elevado de abril, de 7,1%, estabelecido em 2016, e o segundo valor mais elevado de cobertura de temperaturas máximas recorde para qualquer mês desde o início dos registos em 1951, ligeiramente abaixo dos 15,0% de cobertura em setembro de 2023.

Tal como nos últimos meses, as temperaturas à superfície do mar estiveram acima da média em grande parte do Oceano Pacífico norte, ocidental e equatorial, embora as anomalias positivas no Pacífico equatorial central e oriental tenham sido menores do que nos últimos meses, devido ao enfraquecimento do El Niño.

Pelo décimo terceiro mês consecutivo, a temperatura média global da superfície oceânica atingiu um recorde.

Tal como em março, registaram-se temperaturas oceânicas máximas recorde, que cobriram grande parte do Oceano Atlântico tropical, bem como partes do Atlântico Sul e do noroeste e sul do Oceano Índico.

Anomalias da temperatura no globo
Anomalias da temperatura média da superfície do globo em abril de 2024, em relação ao valor médio no período 1991-2020 (áreas a cinzento representam falta de dados). Fonte: NOAAGlobalTemp v6.0.0-20240508

No Hemisfério Norte, o mês de abril de 2024 foi o mais quente de que há registo, com 1,75 °C acima da média, enquanto que o Hemisfério Sul registou o segundo mês de abril mais quente de que há registo, a seguir a 2023.

Chuvas intensas em algumas regiões do globo

Em abril registou-se precipitação acima da média em grande parte da Argentina, sul e leste do Brasil, Uruguai e Paraguai, grande parte do centro e nordeste dos Estados Unidos, bem como o oeste do Alasca, norte da Europa, grande parte do Paquistão, partes do centro e leste da China e grande parte da Rússia.

Nos Emirados Árabes Unidos e em Omã, a precipitação excecionalmente forte, equivalente a um a dois anos de chuva em 24 horas, causou graves impactos nas pessoas e na região.

Um grupo de investigadores internacional determinou que os fatores que contribuíram para este acontecimento extremo foram a influência do El Niño e um aumento da precipitação intensa que ocorreu com o aquecimento do clima global.

No sul da Rússia e no norte do Cazaquistão, as chuvas intensas e o rápido degelo da neve, sob condições muito mais quentes do que a média, conduziram a inundações devastadoras, com os rios a subirem e a transbordarem as suas margens, alguns atingindo níveis recorde.

O Quénia, a Tanzânia e o Burundi foram os países mais gravemente afetados por inundações devastadoras na África Oriental, uma vez que chuvas invulgarmente fortes provocaram o transbordo das margens dos rios, tendo sido registadas centenas de milhares de desalojados e centenas de mortos.

No Brasil, as chuvas torrenciais dos últimos dias de abril e do início de maio provocaram inundações catastróficas no Rio Grande do Sul, que terão provocado milhares de desalojados, dezenas de mortos e muitos outros desaparecidos. As inundações terão sido as piores dos últimos 80 anos.

Gelo no Ártico e na Antártida e ciclones tropicais

No Ártico, o período janeiro-abril foi o 6º mais quente registado e a extensão de gelo no Ártico, em abril, foi a 16ª menor extensão. Por outro lado, na Antártida, a extensão de gelo foi a 10ª menor registada.

Em relação à atividade das tempestades tropicais em abril, é de referir o ciclone tropical severo Olga, que foi o ciclone tropical mais intenso da época dos ciclones da região tropical da Austrália, mas que permaneceu sobre o oceano, não atingindo a terra.