A verdadeira "Casa do Dragão" situa-se nas profundezas da Eslovénia

De acordo com um artigo da revista National Geographic, sob as colinas de calcário de Postojna, Eslovénia, as cavernas subterrâneas com rios revelam maravilhas das formas de vida mais duras. Entre os grilos, milípedes e escaravelhos, dragões-bebés dominam aquela que é considerada a caverna mais biologicamente diversificada do mundo.

Estas salamandras aquáticas, quase translúcidas, oficialmente conhecidas como olmos (Proteus anguinus), têm características adaptativas que não são nada menos do que lendárias, mesmo sem asas ou fogo.

Estes anfíbios, grandes predadores no seu mundo subterrâneo, podem crescer até 30 centímetros, regenerar membros, viver até 100 anos e passar até uma dúzia de anos sem comer. Os cientistas estão a estudar o seu extenso código de ADN para respostas ao processo de regeneração e adaptação.

Durante séculos, estes olmos sem olhos foram considerados os descendentes de dragões escondidos na Eslovénia. Mesmo agora continuam a ser um mistério, e são classificados como vulneráveis pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), devido à falta de dados.

Os cientistas estão mesmo "a lutar" para determinar quantos vivem de forma fiável no seu minúsculo território no Karst Dinaric, que se estende ao longo da costa do Adriático, desde o norte de Itália até à Albânia.

De acordo com a bióloga Katarina Kanduč, há uma única certeza, o seu habitat aquático está ameaçado por poluentes químicos, especialmente fertilizantes, que passam através da rocha altamente permeável e são absorvidos por estas lendas de longa duração. Um dos melhores locais para os ver, e ajudar a preservá-los é o Parque das Grutas de Postojna, a gruta turística mais visitada na Europa.

Dragões na Eslovénia

Os dragões há muito que alimentam lendas e literatura, mas a Eslovénia levou o conceito a um novo nível. Estas temíveis criaturas ranhosas estão por todo o lado, a rugir numa ponte icónica de Ljubljana, cobrindo coberturas de esgotos e estrelando em murais de arte de rua.

O culto faz sentido na região geológica cársica epónima, com cavernas e profundezas escuras onde, durante séculos, os residentes acreditavam que os dragões viviam.

No passado, os habitantes de Postojna acreditavam que a névoa quente que se elevava da caverna no inverno era o sopro de uma criatura gigante.

Quando o rio da caverna transbordou e expeliu estranhas salamandras afogadas, as pessoas viram estas crias de dragões como prova de que um progenitor muito maior espreitava por dentro.

Na natureza, os cientistas estimam que apenas dois em cada 500 ovos de olmo eclodem. Em Postojna, pelo menos 30 dos 43 ovos eclodiram, duplicando a taxa de 2016 e confirmando que os ternos cuidados da equipa de Postojna fazem a diferença, mesmo quando se trabalha no escuro (seja literal ou metaforicamente).

O orgulho da Eslovénia

Mais de 40 milhões de pessoas por ano passam pela caverna, localizada a menos de uma hora da capital, Ljubljana. A maioria dos visitantes faz um passeio de 90 minutos, passando por estalagmites brancas e cintilantes e por cavernas iluminadas com lâmpadas de vidro Murano, antes de olhar para os olmos e aprender sobre os esforços de conservação.

Mas aqueles que querem escapar às multidões para ver os dragões-bebés no seu habitat natural, podem juntar-se a um passeio de aventura limitado e não-invasivo nas profundezas das cavernas.

O orgulho da Eslovénia no seu património espeleológico e o fascínio por bestas mitológicas alimenta este esforço de conservação, que está a dar os seus frutos. Recentemente, Postojna anunciou o nascimento de 30 bebés de olmo no complexo de investigação das cavernas, um recorde para a sobrevivência.