A Terra está a perder o brilho e pode dever-se às mudanças climáticas
As alterações climáticas, uma temática que é cada vez mais discutida tanto pela população como pelos órgãos de gestão, estão a produzir efeitos na forma como o nosso planeta reflete a luz solar. Fique a saber mais sobre este tema, connosco!
Tal como os outros planetas do Sistema Solar são pontos de luz brilhante, aos nossos olhos, também o planeta Terra é um ponto azul claro, quando visto a partir de outros planetas longínquos, como é o caso de Saturno, Urano ou Neptuno. Contudo, segundo novas pesquisas recentemente divulgadas, a tonalidade azul clara está a ficar cada vez mais escura.
Os valores do albedo (unidade que mede a quantidade de energia refletida por um determinado objeto) da Terra, a nível global, têm registado modificações ao longo dos últimos 20 anos. Esta situação está provavelmente associada ao clima, pois quando o assunto é o albedo do planeta, as nuvens têm um papel preponderante nesse indicador e com o avanço contínuo das alterações climáticas, o padrão de formação de nuvens também se está a alterar.
Segundo o Big Bear Solar Observatory, sediado no Sul do estado da Califórnia, a Terra está a ficar cada vez mais escura, consequência da mudança climática que estamos a atravessar. Esta conclusão surge após a análise de duas décadas de observações diárias do brilho da Terra, ou seja, da energia que é refletida pelo nosso planeta.
De uma forma geral, a Terra reflete entre 30% a 40% da luz solar que chega às camadas superiores da atmosfera. No entanto, depois de um período de relativa estabilidade, entre 1998 e 2014, os valores desceram na ordem dos 0,5% entre 2014 e 2017, uma tendência que os cientistas esperam que se mantenha. Assim, o nosso planeta está a refletir menos 0,5 W/m2 atualmente, em relação a 1998.
Como se explicam estas alterações?
O conceito de albedo está associado à refletividade da luz solar que cada objeto tem. Assim, diferentes objetos têm valores de albedo diferentes, ou seja, há elementos que refletem mais luz do que outros. Por exemplo, superfícies de cores escuras, como florestas, têm um nível de albedo muito baixo, ou seja, refletem uma percentagem muito pequena da energia que recebem. Já as superfícies aquáticas, bem como os icebergs ou as áreas cobertas por neve têm um albedo muito elevado, já que refletem a maior parte da radiação solar. Por seu lugar, as nuvens refletem aproximadamente metade da energia solar que recebem.
Existem duas explicações apontadas pelos especialistas para a redução da quantidade de luz que a Terra reflete. A primeira razão prende-se com o Sol, a principal fonte de energia que chega ao nosso Planeta. Assim, algumas flutuações ou mudanças periódicas na quantidade de energia emitida pela estrela podem interferir na quantidade de energia refletida. Esta hipótese foi prontamente refutada já que os cientistas não encontraram, no período estudado, anomalias que justificação a redução do albedo da Terra.
A segunda hipótese aponta para as mudanças climáticas, e neste campo, os especialistas encontraram diferenças em certos padrões. Por exemplo, no Leste do Oceano Pacífico verificou-se uma diminuição da formação de nuvens. É precisamente nesta área que se têm verificado os maiores aumentos de temperatura da água do mar. Assim, se a radiação não é refletida, acaba por penetrar na atmosfera, que a aprisiona muito graças às excessivas emissões de gases com efeitos de estufa.
Esta hipótese, mais plausível, está a fazer com que o nosso planeta perca o seu brilho a médio prazo, passando a ser um ponto azul mais escuro no horizonte celeste.