A preocupação ambiental chega agora aos Festivais europeus, e em Portugal?
A temporada dos festivais está já aí à porta e, na sua organização, estão cada vez mais presentes os valores de sustentabilidade e responsabilidade ambiental. Saiba aqui quais os festivais mais eco-friendly na Europa.
Na sua grande generalidade, os festivais de música são sinónimo de desperdício. No entanto, agora já são vários os eventos, quer portugueses quer europeus, que começam a introduzir princípios de uso eficiente de recursos materiais e energéticos, com a devida salvaguarda ambiental.
Após a formalização da Diretiva da União Europeia, de 1 de novembro de 2021, que proíbe a comercialização de qualquer produto fabricado com pl��stico oxidegradável, para além do uso dos copos reutilizáveis, em substituição dos copos de utilização única, e outros plásticos descartáveis, os promotores destes eventos vão mais além e apostam, cada vez mais, noutras soluções sustentáveis.
O consumo de alimentos de origem local, transportes com baixas, ou até nulas emissões de CO2 para a atmosfera e as energias renováveis, são as novas apostas sustentáveis dos promotores, para que este ambiente de descontração e convívio não prejudique a Natureza.
Em 2019, o governo neerlandês, em parceria com outros países europeus, criou a organização de Festivais Circulares de Acordos Verdes, sustentada na ideologia da inovação sustentável e economia circular. Contando com participantes internacionais, este grupo pretende reduzir o impacto ambiental dos festivais europeu até 2025, concentrando-se em temas como energia, alimentação, água, viagens, transportes e materiais.
Atualmente, fazem parte deste grupo 43 festivais, sendo que um deles é em Portugal, o Boom Festival.
Boom Festival, Idanha-a-Nova, Portugal
O Boom Festival acontece todos os anos, em meados de julho, em Idanha-a-Nova, distrito de Castelo Branco, na Herdade da Granja.
Para além de fazer parte do Green Deal Circular Festivals, em 2022 foi distinguido pela oitava vez com o prémio internacional “Greener Festival Award” devido às suas práticas de sustentabilidade e consciência do ponto de vista ambiental.
O evento proporcionou aos 40.751 festivaleiros diversos meios de transporte, como forma de se deslocarem à herdade, entre eles o “boom bus”. Foram instalados EcoPontos e contentores de resíduos sólidos urbanos. Durante o evento, vários carros fizeram a recolha dos resíduos, assim como os resíduos recicláveis.
Na estação fria, a organização do Boom providenciou ainda, na Herdade da Granja, a plantação de 925 árvores de espécies diferentes e 120 arbustos.
Eco-consciência Europeia
São vários os festivais europeus que, num contexto original, pretendem sensibilizar o público para os desafios do desenvolvimento sustentável, despertando a curiosidade.
DGTL Amesterdam
Para além de Portugal, em Amesterdão (Países Baixos), a edição holandesa da DGTL, um festival de música eletrónica, conquistou também dois prémios internacionais da GFA. Foi reconhecido pela utilização de transporte verde, pela circularidade dos materiais reutilizáveis e reciclagem da água.
Os artistas voam através de aviação sustentável, uma vez que o uso do gasóleo é proibido.
We Love Green
Em Paris, no parque Bois de Vincennes, o festival We Love Green é pioneiro na utilização das energias renováveis há mais de uma década. A alimentação baseia-se em alimentos orgânicos de origem local e os materiais de plástico são reutilizáveis.
Os artistas são incentivados a chegar ao local de forma sustentável e prevalece a inexistência de estacionamento para veículos, promovendo a utilização do metro.
Terraforma
Em Milão, há a Terraforma e, tal como o nome indica, a atmosfera deste ambiente festivo é muito semelhante ao ambiente da Terra.
O festival tem lugar numa propriedade urbanizada onde a sustentabilidade é o foco principal, desde a utilização de palcos em madeira, contentores para a reciclagem, materiais biodegradáveis e a iluminação é alimentada através da energia solar.
Estas iniciativas devem mobilizar não só os promotores destes eventos, mas também as comunidades locais para a promoção de uma cultura mais direcionada para a valorização do território, tendo como base o conhecimento dos problemas e das possíveis soluções.