A poluição do ar está a afetar o microbioma intestinal das abelhas
Os investigadores estão agora a averiguar os efeitos da poluição atmosférica no microbioma intestinal das abelhas, uma comunidade de bactérias benéficas vitais para a manutenção da saúde das mesmas.
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Uma investigação recente da Universidade de Leicester, no Reino Unido, mostrou que a poluição atmosférica afeta a teia de micróbios que nos rodeia. As populações de abelhas estão também a diminuir em todo o mundo, pelo que a equipa de Leicester está a investigar se estes dois fatores estão ligados.
Os investigadores tentam saber de que forma a poluição atmosférica pode afetar as bactérias intestinais benéficas de uma abelha e a sua composição microbiana, e consequentemente ter efeitos na saúde das mesmas.
Microbioma das abelhas
A abelha tem um microbioma intestinal delicado que se tem desenvolvido com outras espécies de abelhas ao longo de milhões de anos. O equilíbrio das bactérias no microbioma intestinal das abelhas é vital para a manutenção da saúde das abelhas, e qualquer perturbação deste microbioma poderia constituir um risco, não só para a saúde das abelhas, mas também para a polinização e segurança alimentar global.
Snodgrassella alvi é um membro benéfico do microbioma do intestino das abelhas, pois, coloniza o intestino grosso das abelhas numa estrutura chamada biofilme. Um biofilme é uma matriz protetora que promove a colonização bacteriana em superfícies (como a placa nos dentes). S. alvi é especialmente importante, uma vez que é um dos colonizadores iniciais do microbioma do intestino das abelhas.
O efeito da poluição no microbioma das abelhas
Sampson cultivou S. alvi em condições de laboratório e expôs esta bactéria à poluição do ar por carbono negro. A investigadora concluiu que a exposição ao carbono negro alterou o comportamento de S. alvi e a estrutura e formação do biofilme da bactéria. Isto é preocupante, uma vez que qualquer perturbação poderia ter efeitos negativos para a composição e função geral do microbioma intestinal da abelha.
Os investigadores também analisaram os efeitos da poluição por carbono negro nas abelhas vivas. Recolheram amostras de abelhas antes e depois da exposição e mediram a abundância de bactérias no seu intestino para observar quaisquer diferenças.
A equipa descobriu que houve uma alteração significativa na abundância de duas bactérias benéficas que são vitais para a saúde do microbioma intestinal das abelhas.
Hannah Sampson is about to start her talk "Air pollutions effect on microbial dynamics" at our Annual Conference in Birmingham. Can't be there? Read our press release about her work here https://t.co/twgFYWbSXC
— Microbiology Society (@MicrobioSoc) April 20, 2023
Embora a Dr.ª Sampson insista na cautela ao concluir que a poluição atmosférica contribui diretamente para o declínio da população de abelhas a partir deste estudo inicial, ela é clara quanto à importância de compreender esta interação para aprender a proteger melhor o nosso planeta.
"É necessário realizar mais investigação, pois a poluição atmosférica está a ter um impacto muito maior do que pensamos. A poluição atmosférica afeta as comunidades microbianas. Alterações nestas importantes comunidades podem ter efeitos prejudiciais em muitos ecossistemas diferentes que afetam abelhas e também afetam diretamente os seres humanos", afirmou.