A Organização Meteorológica Mundial confirma um novo recorde: o furacão mais duradouro da história
A OMM atribuiu ao Freddy o título de furacão com a duração mais longa de que há registo na era moderna. Esta tempestade formou-se em fevereiro de 2023 e causou grandes perdas humanas e económicas nos países afetados.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) declarou o ciclone tropical Freddy como a tempestade mais duradoura de que há registo. Durante fevereiro e março de 2023, a tempestade atravessou a bacia do Oceano Índico, começando ao largo da costa noroeste da Austrália e chegando à África Austral.
Um comité internacional de peritos da OMM, trabalhando sob os auspícios do Arquivo de fenómenos meteorológicos e climáticos extremos, efetuou uma análise detalhada e verificou a distância e a duração. O comité reconheceu que o ciclone tropical Freddy durou 36 dias consecutivos na categoria de tempestade tropical ou superior, o que lhe conferiu o novo recorde mundial de maior duração de um ciclone tropical.
"Freddy foi um ciclone tropical notável, não só pela sua longevidade mas também pela sua capacidade de sobreviver a múltiplas interações com a terra, o que infelizmente teve consequências significativas para as populações do sudeste de África", afirma Chris Velden, membro do comité e especialista em ciclones tropicais e satélites da Universidade de Wisconsin, EUA.
A OMM irá atualizar o seu Arquivo de fenómenos meteorológicos e climáticos extremos para refletir o novo recorde. O arquivo inclui as temperaturas mais altas e mais baixas do mundo, a precipitação, o granizo mais forte, o período seco mais longo, as rajadas de vento mais intensas, os relâmpagos mais longos e as mortes relacionadas com os fenómenos meteorológicos. Esta informação é de importância vital para a elaboração de políticas.
A segunda viagem mais longa
Em termos de distância, a análise da OMM indicou que o ciclone tropical Freddy percorreu 12.785 km como tempestade tropical ou furacão.
Esta distância é a segunda mais longa registada na era dos satélites. Nesta altura, o ciclone tropical John detém o recorde, tendo percorrido 13.159 km. Para pôr este número em perspetiva, esta distância corresponde a quase 33% da circunferência da Terra.
A energia de toda uma temporada
De acordo com a NASA, Freddy estabeleceu o recorde de maior energia ciclónica acumulada (ACE) de qualquer tempestade do hemisfério sul na história, e foi o equivalente a toda uma temporada média de furacões no Atlântico Norte.
Uno de los ciclones más largos jamás registrados arrasó una de las zonas más desamparadas del mundo y nadie está hablando de eso.
— Médicos Sin Fronteras (@MSF_Colombia) April 10, 2023
¿Qué es el ciclón Freddy y qué encierra este fenómeno natural con una brutalidad pocas veces vista? ️ https://t.co/qozAvF5oYh pic.twitter.com/WdiuqmZpiv
O ACE é um índice utilizado para medir a quantidade total de energia eólica associada a um ciclone tropical ao longo da sua vida útil.
Destruição no seu caminho
O ciclone tropical Freddy atravessou a bacia do Oceano Índico a partir da costa noroeste da Austrália para fazer landfall várias vezes em África entre 4 de fevereiro e 14 de março de 2023.
No Malawi, mais de 1.200 pessoas foram dadas como mortas ou desaparecidas e mais de 2.100 ficaram feridas. Em Moçambique, mais de 1,3 milhões de pessoas foram afetadas e mais de 180 morreram. Em Madagáscar, cerca de 200.000 pessoas foram afetadas pela primeira e segunda vez em que ocorreu landfall. Os prejuízos causados pelo Freddy estão estimados em 481 milhões de dólares.
Os avisos precoces do Centro Meteorológico Especializado Regional da OMM na Reunião (Météo-France) e os avisos dos serviços meteorológicos e hidrológicos nacionais dos países afetados permitiram que as comunidades humanitárias e de gestão de catástrofes se mobilizassem com antecedência, efetuassem evacuações e armazenassem alimentos. Sem estes avisos, o número de mortos teria sido ainda mais elevado.
Referência da notícia: