A melhor forma de viajar em Portugal: porque é que o Passe Ferroviário Verde é bom para o ambiente?
Em Portugal, de forma lenta, parece que o transporte ferroviário está a ganhar um novo fulgor, como alternativa ao rodoviário, algo que se já se verifica pela Europa. Fique a saber mais sobre este assunto, aqui!
Entrou em vigor esta semana o Passe Ferroviário Verde, uma medida do governo que pretende fomentar as viagens de comboio, principalmente as de médio e longo curso. Desde segunda-feira, dia 21, que é possível adquirir, por 20€, um título de transporte válido por 30 dias consecutivos, que é válido apenas para residentes em Portugal.
Este título fica assim disponível nos seguintes serviços da CP – Comboios de Portugal: Intercidades; Regional e InterRegional; Comboios Urbanos de Lisboa; Comboios Urbanos do Porto; Comboios Urbanos de Coimbra. Contudo, nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto, a sua utilização é restrita às áreas que não são abrangidas pelos passes intermodais metropolitanos (Navegante e Andante, respetivamente).
Já para o serviço Intercidades há regras específicas: deve ser feita uma reserva de um lugar, pelo menos 24 horas antes da partida, sendo que cada Passe Ferroviário Verde só permite reservar um lugar por viagem, até um máximo de duas viagens diferentes por dia. Para além disso, quem usufrui deste título só poderá reservar um lugar em 2.ª classe. Os serviços “Alfa Pendular” e “Internacional Celta” (Porto – Vigo) também estão fora desta medida.
Preço acessível
O preço estipulado pelo governo é de 20€ mensais, o que torna a aquisição deste título de transporte bastante atrativa, como alternativa ao carro. Em certos percursos, o mesmo valor de combustível poderá não ser suficientes para garantir o transporte para o local de trabalho, numa semana. Este novo modelo pode garantir o transporte cómodo e seguro de e para o local de trabalho por um preço bastante razoável.
Este tipo de medida é pioneira em Portugal, apesar de já ter sido aplicada noutros países da Europa, como foi o caso da Alemanha. Em 2022, este país criou um título de transporte semelhante, com um preço ainda mais acessível (9€), que teve um sucesso moderado, já que a procura pelo transporte ferroviário aumentou, mas não se verificou a descida acentuada no tráfego rodoviário, que se esperava, de forma a alcançar alguns objetivos de índole ambiental.
O preço é um fator importante, mas não é o único a ponderar quando se escolhe o transporte ferroviário. A questão da intermodalidade conta, tal como conta a qualidade da rede, do serviço, onde se pode a frequência dos comboios e até os tipos de máquinas utilizadas. É importante salientar que este título de transporte é disponibilizado ao público enquanto decorrem (com grandes atrasos) algumas obras ferroviárias de grande envergadura.
A eletrificação da Linha do Oeste prossegue a um ritmo mais lento do que seria de esperar e chegará apenas às Caldas da Rainha. Para Norte e até ao Louriçal (Pombal), podemos apenas contar com as velhinhas locomotivas a diesel (muito mais poluentes). A Linha da Beira Alta (uma ligação internacional) continua encerrada e sem previsão de reabertura. Do ponto de vista do transporte de mercadorias e de passageiros, a rodovia continua a opção mais viável e rentável.
A obra que aparenta estar mais adiantada é a do Corredor Internacional Sul (CIS), nomeadamente a nova linha 80 km de extensão entre Évora e Elvas. Quando concluída, terá o potencial de retirar das estradas portuguesas centenas de camiões, aproximando os portos de Sines, Setúbal e Lisboa de Espanha e, consequentemente, da Europa.
A proteção do ambiente como fator decisivo
Tanto no transporte ferroviário de passageiros como de mercadorias, o fator ambiental é cada vez mais relevante. Aliás, esta aposta em Portugal acompanha, de forma tardia, um movimento europeu de regresso aos carris, de forma a proteger o ambiente e garantir assim o futuro das gerações vindouras.
Uma ligação ferroviária entre Lisboa e Porto, atualmente, utilizando o serviço Intercidades, custa cerca de 26€. O novo Passe Verde tem um custo mensal inferior a uma única viagem. Assim, o fator económico, associado à proteção do ambiente, parecem dotar esta medida de sucesso garantido.
Apesar dos problemas graves de intermodalidade apresentados um pouco por toda a nossa rede ferroviária, abre-se, com esta medida, uma nova esperança quanto à crescente utilização e valorização do comboio como modo de transporte seguro, fiável e amigo do ambiente. Há claramente o potencial de retirar veículos automóveis da estrada e só depende de todos os portugueses o sucesso deste “passo verde”.