A matemática Ellen Fetter e a borboleta da Teoria do Caos

Esta quinta-feira assinala três anos desde que o Dia Internacional das Mulheres na Matemática foi celebrado pela primeira vez, uma iniciativa para comemorar os feitos das que se dedicaram a esta disciplina ao longo da história e assim, encorajar e inspirar meninas e mulheres jovens a trabalhar nesta área.

O dia foi aprovado no verão de 2019 durante o Encontro Mundial de Mulheres Matemáticas no Rio de Janeiro, após ter sido proposto pelo comité de Mulheres e Matemática da Sociedade Iraniana de Matemática. A data foi escolhida em honra a Maryam Mirzakhani, nascida a 12 de maio de 1977 e a primeira e única mulher a ter ganho uma Medalha Fields, galardão outorgado pela Comunidade Matemática Internacional pelas descobertas notáveis em Matemática.

Este ano dedicamo-lo inteiramente a Ellen Fetter, isto diz-lhe alguma coisa?

Ellen Fetter

Nascida nos Estados Unidos em 1940, Ellen Fetter estudou matemática no Mount Holyoke College, uma instituição feminina em Massachusetts. Recém-licenciada, participou numa entrevista no Instituto Tecnológico de Massachusetts em busca de um trabalho relacionado com a sua paixão, a matemática. Ali, seria contratada pela sua antecessora no projeto Lorenz, Margaret Hamilton, que mais tarde participaria na missão Apollo, a primeira missão que levou o homem à lua pela primeira vez.

Assim que Fetter assumiu o seu posto, continuou o trabalho de Hamilton e colaborou com o meteorologista Edward Norton Lorenz na definição das suas equações caóticas. Foi ele que em 1963, ao tentar obter previsões meteorológicas através de um poderoso computador, desenvolveu as chamadas equações de Lorenz. Juntos, executaram o diagrama do atrator estranho, uma das suas representações mais conhecidas que se assemelha precisamente às asas de uma borboleta.

A borboleta que esvoaça na Teoria do Caos

A Teoria do Caos estudada por Lorentz, e a que mais tarde se juntou Fetter, é um ramo da matemática e da física dedicado ao estudo de sistemas complexos e dinâmicos em que uma pequena variação nas condições iniciais pode acabar por provocar uma enorme diferença no resultado. Daí, nasce a forma simples, poética e por todos conhecida, de explicar coloquialmente em que consiste a Teoria do Caos: o bater de uma borboleta pode causar um furacão do outro lado do mundo.

Os abundantes cálculos numéricos realizados por Fetter ajudaram a comprovar que uma ligeira variação nos valores iniciais poderia dar resultados drasticamente diferentes, dificultando bastante as previsões meteorológicas precisas.

Reconhecimento

Tanto Fetter como Hamilton fizeram parte da primeira geração de mulheres programadoras, a grande maioria das quais foram imprescindíveis em muitos grandes avanços técnicos e científicos, mas cujo trabalho foi frequentemente menosprezado. No entanto, Lorenz reconheceu a sua contribuição nas suas publicações, onde destacou o grande trabalho computacional que Fetter tinha levado a cabo.