A “maldição” das escapadinhas ao Porto: verdade ou coincidência?

Se está a pensar em surpreender a sua cara-metade com uma escapadinha romântica ao Porto, talvez seja melhor reconsiderar. Não, não o estamos a dizer por causa da tempestade Laurence ou até de qualquer outra tempestade que venha a atingir Portugal (e quiçá Arquipélagos) num futuro próximo.

É verdade que Março, mês de transição entre o inverno e a primavera, tem sido pautado pela instabilidade meteorológica, com a chuva, o vento, a trovoada e a agitação marítima a marcarem o dia a dia da população portuguesa. Também o é que ainda não está previsto o fim deste ciclo. Mas o nosso conselho tem outro motivo de ser.

Sim, segundo relatos de vários espanhóis — e até de alguns portugueses —, visitar a Invicta é meio caminho andado para uma separação pouco tempo depois.

Mas será que o Porto esconde mesmo um feitiço secreto ou estamos apenas a lidar com uma coincidência? Afinal, o Porto é conhecido pelas suas vistas deslumbrantes sobre o Douro, pelas caves de vinho e pelo charme das suas ruas estreitas e edifícios históricos — nada que sugira um clima de desamor, certo?

Como nasceu a teoria da “maldição”?

A ideia de que o Porto pode ser uma espécie de “carrasco amoroso” ganhou força nas redes sociais, sobretudo em Espanha. Casais que visitaram a cidade começaram a notar que, pouco tempo depois da viagem, as coisas 'começaram a azedar'. O padrão repetiu-se tantas vezes que se tornou um fenómeno viral: “la maldición de Oporto” estava lançada.

Mas será que há alguma verdade por trás desta suposta maldição? A psicóloga espanhola Alejandra de Pedro, reconhecida pela sua influência nas redes sociais, decidiu analisar o caso e trouxe uma explicação mais racional — e menos mística — para o fenómeno.

O problema está nos casais, não na cidade

Segundo a especialista, o Porto é um destino muito popular entre casais que estão juntos há um a três anos — precisamente o período em que a fase de “lua de mel” começa a desvanecer. Nesta altura, os níveis de dopamina e serotonina, responsáveis pela euforia inicial da paixão, começam a baixar, o que faz com que certos comportamentos que antes eram adoráveis passem a ser insuportáveis.

De repente, aquilo que antes era “Ah, ele é tão distraído com o telefone” transforma-se em “Ele nunca me dá atenção, já não o aguento!”. Além disso, este é também o período em que começam as questões mais profundas sobre o futuro: queremos as mesmas coisas? Estamos realmente felizes juntos? E, claro, uma viagem romântica pode tornar estas questões ainda mais evidentes.

“A correlação não implica casualidade”, sublinhou, em declarações ao jornal “La Vanguardia”.

O Porto é o problema… ou a solução?

A boa notícia é que o Porto não tem culpa de nada. Pelo contrário, a cidade até pode ser o remédio perfeito para revitalizar a sua relação. A psicóloga aconselha que, em vez de cair na rotina, os casais devem explorar juntos novos cenários e experiências — e o Porto é o sítio ideal para isso.

Durante a escapadinha, suba à Torre dos Clérigos e aprecie a vista panorâmica da cidade. Faça um passeio de barco pelo Douro ao pôr do sol, com um copo de vinho do Porto na mão, e visite a icónica Livraria Lello (que inspirou J.K. Rowling) ou desfrute de uma Francesinha num dos restaurantes típicos da cidade. E, se sentir que a relação precisa de um empurrãozinho, uma visita às caves de vinho do Porto pode ajudar a soltar a língua e a abrir o coração.

Conclusão? Vá sem medo. Se está com planos de visitar o Porto a dois, relaxe. A chamada “maldição” é, na verdade, uma combinação de fatores emocionais e circunstanciais que acontecem em qualquer relação — seja no Porto, Paris ou Praga.