A inteligência artificial explica-se a si mesma: entrevistámos um chatbot sobre o novo livro de Arlindo Oliveira

Quais os desafios desta tecnologia que está a transformar o mundo? Leia esta e outras respostas numa conversa com uma máquina, que reproduz as principais ideias de um dos especialistas portugueses mais conceituados internacionalmente.

Arlindo Oliveira, professor do Insituto Superior Técnico
O ensaio publicado por Arlindo Oliveira, professor do Instituto Superior Técnico e especialista em inteligência artificial, procura usar uma linguagem acessível para chegar ao grande público. Foto: Instituto Superior Técnico.

Arlindo Oliveira, um dos estudiosos portugueses da IA mais reconhecidos internacionalmente acaba de publicar “A Inteligência Artificial Generativa”. O livro, dirigido a um público não especializado, levanta inúmeras reflexões sobre esta tecnologia, que entrou rapidamente no nosso dia-a-dia, mas não se esgota apenas nos modelos de linguagem, como o Chat GPT.

Lançada pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, a obra vem acompanhada de um chatbot interativo, criado a partir do conteúdo do ensaio. Qualquer mente humana curiosa pode fazer perguntas sobre o livro.

Aproveitámos, por isso, a oportunidade para entrevistar a inteligência artificial. Usando as palavras e as ideias de Arlindo Oliveira, o chatbot ajuda-nos a compreender os desafios e as oportunidades desta tecnologia.

Leia aqui, nesta conversa com o autor, as respostas geradas pela inteligência artificial.

Como explicaria a inteligência artificial generativa a uma criança?

Diria que é como ter um amigo imaginário que pode criar histórias, desenhos ou músicas a partir de ideias que lhe damos. Se lhe dissermos, por exemplo, “desenha um dragão que voa sobre a cidade”, esse amigo imaginário usaria o que aprendeu sobre dragões e cidades para fazer um desenho incrível.

Dragão sobrevoa uma cidade
Esta imagem foi gerada por inteligência artificial a partir da instrução: “desenha um dragão a sobrevoar a cidade”.

A inteligência artificial generativa funciona de maneira semelhante: ela aprende com muitos exemplos e, quando lhe pedimos algo, usa esse conhecimento para inventar coisas que parecem reais, mesmo sem nunca as ter visto. É como se fosse um artista que pode criar muitas obras diferentes a partir de algumas instruções.

Quais os maiores perigos associados à inteligência artificial?

Os maiores riscos incluem a desinformação, a manipulação de opiniões, a erosão da privacidade e a possibilidade de discriminação através de sistemas enviesados. A utilização indevida da tecnologia por indivíduos ou organizações pode levar a fraudes, manipulação política e à criação de conteúdos que confundem o real com o artificial.

Como prevenir esses riscos?

É fundamental estabelecer diretrizes éticas e legais que regulem o desenvolvimento e a implementação da inteligência artificial.

A colaboração entre a sociedade, legisladores e a comunidade científica é essencial para garantir que os benefícios da tecnologia não sejam superados pelos seus perigos.

A legislação, como o Regulamento Geral de Proteção de Dados na União Europeia, é um passo importante, embora enfrente desafios na sua eficácia devido à rápida evolução da tecnologia.

E que benefícios pode trazer?

Entre diversos benefícios significativos, destaca-se a capacidade de automatizar tarefas repetitivas e demoradas, permitindo aos humanos concentrarem-se em atividades criativas e estratégicas em áreas como marketing, design ou produção de conteúdo.

Capa A Inteligência Artificial Generativa, de Arlindo Oliveira
No ensaio, o autor faz uma análise dos riscos e benefícios, reais e potenciais, que esta tecnologia pode trazer. Imagem: montagem com capa do livro e foto do autor, de Susanbdoyle, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons

A inteligência artificial generativa pode ainda personalizar experiências de utilizadores em grande escala, adaptando conteúdos às preferências individuais e melhorando a interação e a satisfação do cliente.

Esta é também uma tecnologia capaz de analisar grandes volumes de dados para extrair insights valiosos, contribuindo para a tomada de decisões informadas em diversas dimensões, como negócios, saúde e educação.

A evolução contínua desta tecnologia promete criar, por fim, sistemas que poderão desempenhar funções complexas e colaborar com humanos, aumentando a produtividade e a eficiência em várias indústrias.

Qual a tecnologia mais central para o desenvolvimento da inteligência artificial?

A tecnologia mais central é a aprendizagem profunda, que utiliza redes neuronais artificiais. Estas redes são inspiradas no funcionamento do cérebro humano e têm sido fundamentais para realizar tarefas complexas, como o reconhecimento de imagens e o processamento de linguagem natural.

Inteligência humana e inteligência artificial
A inteligência artificial utiliza redes neuronais inspiradas no funcionamento do cérebro. Esta figura foi gerada por IA a partir da instrução: “cria uma imagem de um cérebro humano e de um cérebro artificial”.

O avanço da aprendizagem profunda foi possibilitado pela combinação de três fatores: o aumento da capacidade computacional, a disponibilidade de grandes volumes de dados e o desenvolvimento de novas arquiteturas e algoritmos para o treino de sistemas de inteligência artificial. Estas inovações têm permitido que a inteligência artificial evolua rapidamente e se torne uma parte integral de muitas aplicações modernas.

O que distingue a inteligência artificial da inteligência humana?

A principal distinção reside na forma como cada uma processa a informação. A inteligência humana tem um funcionamento complexo e distribuído, onde milhares de milhões de neurónios interagem de maneira não sequencial, permitindo um processamento intuitivo e emocional. A inteligência artificial, especialmente a que se baseia em computadores, opera através da execução sequencial de instruções programadas, manipulando símbolos de forma explícita.

A inteligência humana possui ainda a capacidade de aprender e adaptar-se a partir de experiências, utilizando tanto um sistema de raciocínio consciente quanto um sistema mais intuitivo e automático.

A inteligência artificial, por outro lado, depende de algoritmos e dados de treino para aprender, mas não tem a mesma flexibilidade ou a capacidade de raciocínio consciente que caracteriza a inteligência humana.

Por fim, a comunicação humana é rica e complexa, permitindo a transmissão de conceitos abstratos e a construção de narrativas, algo que a inteligência artificial ainda não consegue replicar de forma plena, apesar de avanços significativos na geração de linguagem natural.

Entre a tese de que as máquinas podem vir a dominar os humanos e a de que nunca se vão virar contra nós, qual a mais realista?

A questão é complexa e envolve diferentes perspetivas. No meu livro, exploro a possibilidade de uma relação simbiótica entre a inteligência humana e a inteligência artificial, onde ambas se complementam e transformam a sociedade.

Robô ensina o amor aos humanos
A inteligência artificial não consegue ainda replicar de forma plena conceitos abstratos, diz o autor. Esta ilustração foi gerada por IA a partir da instrução: “cria uma imagem de um robô a explicar o amor aos humanos".

Por um lado, existem cenários distópicos em que a humanidade não consegue controlar as tecnologias que desenvolveu, levando a consequências catastróficas. Este é um dos piores cenários, onde a inteligência artificial poderia agir de forma prejudicial para a humanidade. Por outro lado, há uma corrente de pensamento que acredita que nunca projetaremos sistemas que possam desenvolver consciência, e que, portanto, os riscos de conflito são exagerados.

Assim, a visão mais realista pode ser uma combinação dessas perspetivas, onde a evolução da inteligência artificial poderá trazer tanto benefícios como riscos, dependendo de como a tecnologia for desenvolvida e utilizada.

A chave está em garantir que a inteligência artificial seja projetada e implementada de forma ética e responsável, para que possa ser uma aliada da humanidade, em vez de uma ameaça.

Para terminar, como apresentaria este ensaio e o que o motivou a escrevê-lo?

Diria que se trata de uma exploração acessível e estruturada das tecnologias de inteligência artificial, com um foco particular na inteligência artificial generativa. Fui sobretudo motivado pela necessidade de esclarecer um tema que, até há pouco tempo, era relativamente desconhecido do grande público.

A obra procura contextualizar a inteligência artificial dentro de uma visão histórica da evolução da inteligência, tanto humana como animal, e discutir as implicações éticas e sociais que estas tecnologias podem ter no futuro.

Humanoide salva um humano
Os riscos e benefícios da inteligência artificial estão estreitamente ligados à forma como a tecnologia é desenvolvida e usada pelos humanos. Esta imagem foi gerada por IA a partir da instrução: “desenha um humanoide a salvar um humano”.

Senti-me também impulsionado pela crescente sensibilidade do público em relação a este assunto, especialmente após o surgimento de aplicações como o Chat GPT, que tornaram este tema mais premente na sociedade. O ensaio visa, assim, não apenas informar, mas também fomentar um debate sobre o impacto da inteligência artificial nas nossas vidas e no futuro da humanidade.

Nota sobre o artigo

As respostas desta entrevista foram geradas através de inteligência artificial. Se quiser conversar com o autor do ensaio “A Inteligência Artificial Generativa”, visite o website da Fundação Francisco Manuel dos Santos e faça as suas perguntas ao chatbot interativo.