A indústria têxtil e as preocupações ambientais na Europa
Os padrões de consumo, do ponto de vista do vestuário e do calçado, mudaram muito nos últimos anos, com impactes diretos no ambiente e no clima, um pouco por todo o mundo. Fique a saber mais sobre este assunto, aqui!
O crescimento do comércio online, que se verificou nos últimos anos, fez disparar a produção de têxteis, com consequências ambientais claras nos continentes que apresentam maior produtividade: África e Ásia. Os produtos têxteis, por vezes produzidos por mão de obra essencialmente proveniente do trabalho infantil e escravo, são vendidos na Europa, pelas grandes plataformas de comércio internacional.
Aproximadamente 1/5 dos produtos comercializados é devolvida, já que a percentagem de devoluções das compras online é muito mais representativa do que no comércio em lojas físicas. Entre 20% a 30% das devoluções de têxteis comprados online acaba destruído. Estima-se ainda que entre 4% a 9% dos têxteis comercializados na Europa sejam devolvidos e destruídos ainda antes de terem qualquer tipo de utilização. São mais de 250 000 toneladas de roupa que, por ano, são desperdiçadas.
Como nas últimas décadas o desperdício tem sido em grande quantidade, a União Europeia decidiu promover legislação com vista a impedir a destruição dos têxteis e do calçado que não são vendidos ou que são devolvidos, com o objetivo de as empresas venderem na totalidade os seus stocks. Desta forma, pretende-se implementar uma “cultura” de desperdício zero, uma economia têxtil circular, mais sustentável económica e socialmente, e em simultâneo mais amiga do ambiente.
Discussão e resultados
Segundo o Centro Temático Europeu sobre Economia Circular e Utilização de Recursos, organismo da Agência Europeia do Ambiente, a indústria têxtil é extremamente importante para a economia da União Europeia, pois gera valores consideráveis de riqueza e emprego. Para além da massificação do comercio online, aconteceu em paralelo uma liberalização do processo de devolução que na União Europeia é de 14 dias sem qualquer tipo de justificação.
Como já foi referido, muitas das devoluções, devido a vários fatores, acabam por ser destruídas, o que também é prejudicial para as empresas. Assim, estas têm tentado, através da adoção de estratégias simples, diminuir a quantidade e o valor dos têxteis devolvidos. Outra forma de melhorar a questão do desperdício relacionado com a indústria têxtil seria otimizar a forma de fazer inventários e de controlar stocks.
O facto de não consumirmos tudo o que produzimos em termos de têxtil também acarreta implicações graves do ponto de vista ambiental e climático. Por um lado, tanto o transporte como o armazenamento são consumidores de muitos recursos energéticos. Por outro, a destruição, através da incineração, liberta CO2 e outros poluentes atmosféricos que acabam por ter implicações nas mudanças climáticas.
Em teoria, a colocação dos excedentes da produção dos têxteis em países menos desenvolvidos do continente africano e asiático também poderia ser uma solução, contudo, é cada vez mais visível que parte da roupa e do calçado acaba por ir parar a lixeiras a céu aberto, que também são fortes atentados ao ambiente e à saúde dos seres humanos.