A iliteracia climática está a aumentar e as redes sociais são as principais responsáveis pela desinformação
O aumento da desinformação climática online, impulsionada por mensagens negacionistas e teorias da conspiração, é alarmante. Com o ressurgimento de expressões como “fraude climática” e “esquema climática”, a preocupação com a disseminação de informações falsas está a crescer.
Nos últimos tempos, tem-se assistido a um aumento pronunciado da desinformação climática online, com a propagação de mensagens negacionistas e teorias da conspiração. Este fenómeno ganhou particular força após as reformas ambientais implementadas nos Estados Unidos da América (EUA) e a posição de liderança no Twitter, atual plataforma X, de Elon Musk.
Expressões negacionistas começam nas redes sociais e desafiam as respostas à desinformação climática
Há uma enorme quantidade de postagens com as expressões “fraude climática” e “esquema climático”, que ressurgiram, após terem uma grande presença na linguagem dos anos 1980, que apresentava uma tendência para negar a realidade das alterações climáticas.
O Climate Action Against Disinformation (CAAD) observou um aumento exponencial relativamente à disseminação de alegações falsas, incluindo a negação de que o CO2 seja responsável pelas alterações climáticas e de que o aquecimento global seja resultado, além das causas naturais, da atividade antropogénica.
Uma análise feita por cientistas sociais para a área da computação da City University of London, revelou que houve um total de 1,1 milhão de tweets ou retweets com termos céticos em relação às questões climáticas em 2022, quase o dobro do ano anterior. O pico destas postagens ocorreu em dezembro, após Elon Musk assumir as rédeas do Twitter.
No mesmo período, a hashtag negacionista #ClimateScam teve um aumento expressivo na utilização, o que originou rapidamente preocupações sobre a disseminação de desinformação sobre o clima.
Onde pode estar a resposta à desinformação nas várias redes sociais?
A desinformação climática não se limita à rede social X. No TikTok, vídeos com hashtags associadas ao negacionismo climático acumularam, nos últimos meses, milhões de visualizações. No YouTube, vídeos que negam as mudanças climáticas receberam centenas de milhares de visualizações, com anúncios de produtos relacionados com negações climáticas.
Em resposta a estas preocupações, um porta-voz do YouTube afirmou que certos anúncios de negação climática foram retirados do ar. No entanto, TikTok e Twitter não responderam ao pedido de esclarecimentos sobre o assunto.
Apesar desta tendência na maioria das redes sociais, no Facebook, o número de postagens, direta ou indiretamente, relacionadas com o negacionismo das alterações climáticas, diminuiu em comparação ao ano anterior, embora ainda haja preocupações sobre a possibilidade disseminação de desinformação na plataforma, tal como já se está a suceder nas restantes.
Além da desinformação climática, o relatório do CAAD destaca a presença frequente de outras alegações fraudulentas, como as inerentes às práticas eleitorais, às teorias da conspiração sobre a vacinação, nomeadamente da COVID-19, à migração e às redes de tráfico de crianças administradas por famosos.
Dado o consenso científico sobre as alterações climáticas, o aquecimento global e os seus impactes, torna-se urgente limitar o alcance da desinformação.
Neste contexto, vários investigadores dedicados a esta temática referem que os responsáveis pelas redes sociais devem assumir a responsabilidade e implementar medidas eficazes para combater a desinformação climática, protegendo assim a integridade da informação e contribuindo para um debate público mais informado e responsável sobre alterações climáticas.