O impacte do pH dos oceanos
Os oceanos são um dos recursos fundamentais do planeta, e tal como as árvores, são sumidouros de CO2 atmosférico.
O carbono é o quarto elemento químico mais abundante no planeta e é um dos componentes fulcrais na sua constituição, estando presente nos oceanos sob forma mineral, de bicarbonatos, carbonatos e dióxido de carbono dissolvido. O seu ciclo natural engloba a terra, os oceanos e a atmosfera (ciclo biogeoquímico).
Na atmosfera, o CO2 é um gás quimicamente inerte, mas quando dissolvido na água, torna-se mais reactivo.
Dados académicos indicam que nos últimos 650 mil anos, a concentração média de CO2 variou entre 180 e 300 ppm, sendo actualmente de cerca de 391 ppm, com uma taxa de crescimento de cerca de 0,5 % por ano. Paralelamente, o pH da água do mar varia entre 7,8 e 8,2 encontrando-se actualmente, em média, 0,1 unidades abaixo do que era antes da revolução industrial. Estas alterações implicam directamente na dinâmica dos ecossistemas marinhos, desafiando a adaptação de várias espécies dependentes do ciclo de carbono inorgânico do oceano.
As mais recentes investigações académicas, apontam para uma latente acidificação das águas dos oceanos a ocorrer a um ritmo mais rápido do que cíclica e normalmente ocorreria, representando um perigoso desafio ecológico para todos os organismos vivos.
A acidificação oceânica
Oocorre quando o CO2 presente na atmosfera é absorvido pela água salgada, resultando na diminuição do pH –> em água mais ácida. Este processo é obviamente consequência da intensiva queima de combustíveis fósseis, de práticas agrícolas com uso excessivo de pesticidas, assim como, efeito da massiva desflorestação (menos árvores a absorver CO2), ou seja, acontece por consequência do desequilíbrio nos níveis de dióxido de carbono no sistema atmosférico que envolve o planeta que habitamos.
Estas variações, que se traduzem em desequilíbrios nos valores da temperatura e níveis de acidez das águas oceânicas, repercutir-se-ão em graves consequências ecológicas no planeta, podendo traduzir-se na perda global de biodiversidade, em distúrbios nos processos dos ecossistemas, e nos organismos marinhos (por exemplo, pela diminuição das taxas de calcificação), alterações de processos fisiológicos, e inclusive em variações no comportamento de alguns peixes.
Preconizam-se perigosos efeitos na vida marinha perante um cenário de águas mais ácidas, como a dissolução das conchas de alguns animais, a diminuição da velocidade do metabolismo e do desenvolvimento embrionário e larvar da fauna marinha, o que influirá determinantemente no tamanho da população das espécies.
Ora, considerando a cadeia alimentar do ser humano, é pertinente relembrar que os consumidores primários – filo e zooplâncton – que sustentam os restantes níveis tróficos marinhos, se desaparecerem ou reduzirem em número, condicionarão em grande escala a existência de outras espécies, contribuindo para um futuro (próximo) desequilíbrio sócio-económico, pela afectação na produção mundial de pesca.
A rápida acidificação dos oceanos é uma consequência das excedentes emissões antropogénicas de CO2 ocorridas ao longo das últimas décadas. É por isso premente agir, com eficácia e celeridade, a fim de mitigar o risco de danos irreversíveis nos oceanos e no Homem por inerência!