Os impactes do clima!
Nas últimas semanas a ocorrência de fenómenos climáticos tem assolado, com impactante rasto de destruição, ambas as costas do Atlântico Norte, provocando vítimas mortais e consideráveis danos financeiros.
As Nações Unidas divulgaram, no seu último relatório (na passada semana), que as consequências decorrentes de desastres naturais, dispararam nos últimos vinte anos, encontrando-se a liderar a lista de maiores perdas económico-financeiras, países como os EUA (US $944,8 biliões), seguidos pela China (US $492,2 biliões).
As perdas económicas consequentes dos efeitos de eventos climáticos extremos, a ocorrerem ao ritmo tendencial de crescimento que se tem verificado, serão incomportáveis, representarão um determinante entrave à erradicação da pobreza na Terra e farão eclodir graves conflitos armados. De acordo com a UNISDR, entre 1998 e 2017 ocorreram no planeta, mais de 6600 catástrofes relacionadas com o clima, das quais, tempestades e inundações foram as mais frequentes, o que, a título meramente indicativo, poderá representar a ocorrência de um evento extremo, todos os dias, durante 19 anos!
Perante este cenário, será sensato definir, investir e concretizar, no âmbito das políticas públicas de cada nação, medidas adaptativas e mitigadoras, assim como, uma crescente aposta na literacia dos cidadãos, como resposta aos riscos e vulnerabilidades, face a eventos decorrentes de mudanças nos padrões climáticos. Isto é, os efeitos dos desastres naturais são transversais, espacial e socialmente, não afetam somente nações com maiores taxas demográficas e correlacionalmente, com maiores índices de pobreza, são analogamente perniciosos em nações ditas desenvolvidas.
Os episódios extremos de vento e as cheias e/ou inundações, têm afectado biliões de pessoas na Ásia, onde a larga maioria vive com escassas condições de habitabilidade, em limiares de pobreza extrema, desprovidos inúmeras vezes de direitos basilares da condição humana. Paralelamente, a civilização ocidental é posta à prova, experienciando avassaladoras ondas de calor, contra as quais combate com ajuda dos aparelhos climatizadores, não escapando contudo, aos efeitos que episódios extremos de temperaturas elevadas, infligem numa população vulnerável, pelo agravamento de patologias do foro cardiovascular, com o desfecho em perdas de vidas humanas, como resultado, de excessos alimentares e sedentarismo, os pilares do consumismo ocidental.
É premente planear no curto prazo!
Agir reduzindo o potencial risco, tendo como alicerce a premissa de que, o crescimento demográfico continuará a colocar mais e mais pessoas em perigo, enquanto não forem controladas/proibidas as edificações habitacionais em planícies aluviais e zonas costeiras vulneráveis, os custos mensuráveis e as perdas de vidas humanas, continuarão a aumentar drástica e assustadoramente.
Ou seja, a redução do risco aos efeitos dos desastres naturais, é assim uma questão transversal a todos rumo à conquista de um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, particularmente no que concerne à erradicação da pobreza em todas as suas formas e em todos os lugares. O crescimento populacional, o desenvolvimento económico e a urbanização rápida, cegam os riscos em que as populações se colocam, face aos perigos inerentes aos sismos, a planícies aluviais, a zonas costeiras, exponenciando iminentes cenários de catástrofes humanitárias.
Para reflectir
Nos últimos anos, cerca de 60 milhões de pessoas, em mais de 100 países foram deslocadas para escaparem aos efeitos de eventos climáticos extremos, nomeadamente inundações, tempestades e secas, devido essencialmente à inexistência de ecossistemas resilientes (pois destruídos pelo Homem) e/ou à fraca capacidade institucional para uma resposta efectiva e eficaz de protecção das populações.
No ano de 2017, foram cerca de 18 milhões, o número de novos deslocados devido a eventos climáticos extremos, dos quais 8,6 foram por inundações, 7,5 por tempestades e 1,5 devido a secas. Perante esta dimensão catastrófica, o desafio de reduzir esta escalada é uma missão planetária a bem da segurança, sobrevivência e bem-estar de todos. Canalizar verbas para maquilhar problemas que tendem a adensar-se, personifica mais um cataclismo anunciado do que propriamente um acto de benfeitoria. O busílis deste delicado problema de regeneração climática planetária, passa antes pela união de esforços, no sentido de reduzir as vulnerabilidades e os riscos por inerência, a fim de uma coexistência pacífica e em harmonia com o planeta!