A explicação para o icebergue quase perfeito da Antártida
Um icebergue com forma retangular quase perfeita, foi fotografado pela NASA e divulgado nas redes sociais, tornando-se um fenómeno que deu azo a várias teorias. Contudo, uma cientista da Universidade de Maryland, nos EUA, explicou isto tem uma base científica.
Há um par de semanas, a NASA divulgou a fotografia de um icebergue bastante peculiar devido à sua forma geométrica quase perfeita. Desde logo, houve azo a vários tipos de rumores e teorias nas redes sociais e na Internet, conspirando-se sobre influência extraterrestre ou alienígena ou mesmo “fake news”, questionando como é um bloco tão perfeito poderia ser natural. Apesar do ceticismo inicial, a fotografia é bem real tal como a extensão do icebergue de 1,6km que se formou naturalmente na Antártida.
O que são icebergues?
Os icebergues são blocos que se desprendem de plataformas de gelo, extensões de gelo continental sobre o oceano. A Antártida, por exemplo, está cercada dessas plataformas, que somam 1561 milhões de quilómetros quadrados, o que corresponde aproximadamente a 11% da sua área total. Estas plataformas partem-se normalmente junto das suas bordas, onde se encontram mais frágeis. Resultante deste processo, aparecem blocos de gelo ou icebergues que se desagregam da formação original e vagueiam erraticamente pelo oceano.
A verdade é que estamos habituados à tradicional imagem do icebergue triangular, com uma montanha de gelo irregular na superfície e uma parte submersa mais irregular e profunda, como a que provocou o afundamento do Titanic. Contudo, existem outras formas de icebergue, entre elas, o icebergue tabular que é largo e plano.
A explicação para o fenómeno
Segundo explica a glaciologista Kelly Brunt "Temos dois tipos de icebergues: aqueles que todos imaginam quando pensam por exemplo no que afundou o Titanic e que parecem prismas ou triângulos, e depois temos aqueles a que se chamam 'icebergues tabulares'", explicou Kelly Brunt em declarações à revista Live Science. Estes blocos de gelo são largos, planos e compridos e formam-se quando se separam das bordas das plataformas de gelo que estão presas à terra. “Os 'icebergues tabulares' formam-se através de um processo semelhante ao crescimento da unha, que ao fim de algum tempo a crescer acaba por partir. São geralmente retangulares e geométricos", acrescentou.
Kelly Brunt afirma também que a forma deste icebergue e a sua proximidade à plataforma de gelo Larsen C indicam que ele se deve ter soltado recentemente. Isto porque, ao longo do tempo, o mar e o vento provocam efeitos de erosão e suavização das bordas. A glaciologista afirma que, apesar de os icebergues tabulares serem comuns, o formato retangular e os ângulos bem definidos do bloco registado não é habitual.
A monitorização da Larsen C
Acredita-se que este bloco de gelo tenha feito parte da plataforma Larsen C, uma extensão flutuante de glaciares situada na Península Antártica. Esta fotografia foi registada a propósito da operação da NASA IceBridge, que tem como objetivo estudar de que forma as regiões polares se ligam ao sistema climático global, através da observação de blocos de gelo. Assim, a NASA recorre a uma frota altamente especializada de aeronaves e um conjunto sofisticado de instrumentos científicos para verificar as mudanças anuais das camadas de gelo e dos glaciares.