A Europa aqueceu significativamente nos últimos 30 anos
De acordo com o Relatório 2021 do Estado do Clima, publicado recentemente pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), a Europa aqueceu a uma taxa duas vezes superior que as restantes regiões do globo.
O Relatório do Estado do Clima na Europa revelou informações sobre diversos aspetos relacionados com o clima, tais como, a subida das temperaturas, o aumento dos eventos extremos, as mudanças nos padrões de precipitação e a diminuição de massa glaciar.
Impactos mais relevantes da mudança climática na Europa
Segundo o referido Relatório, "as temperaturas na Europa subiram a uma taxa média de 0.5 °C por década, no período entre 1991-2021, mais do dobro da média mundial".
A Europa foi a regi��o com o maior aquecimento de todas as regiões, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM). Mas o aquecimento não se verificou só na superfície terrestre, também a temperatura da superfície do oceano sofreu uma subida entre 1993 e 2021.
Em relação ao mar, é de assinalar a subida do nível médio do mar, que em muitas áreas aumentou cerca de 2-4 mm/ano.
Outro aspeto relevante tem a ver com a diminuição da massa glacial em todas as cadeias montanhosas. Por exemplo, os glaciares dos Alpes perderam cerca de 30 metros de espessura de gelo no período 1997 -2021.
A Gronelândia teve, em 2021, o primeiro evento de chuva, em vez de neve, como seria de esperar atendendo à altura do ano em que ocorreu.
Eventos extremos em 2021 na Europa
Em julho de 2021 verificaram-se grandes cheias na Alemanha e na Bélgica, enquanto a região do Mediterrâneo era atingida por secas intensas.
Ocorreram ondas de calor em muitas zonas do Mediterrâneo, com recordes nacionais de temperatura a serem batidos. Atingiu-se um novo recorde de temperatura máxima para a Europa continental na Sicília (sul de Itália), 48.8 °C em agosto de 2021.
Devido à situação de seca e ao tempo muito quente na região do Mediterrâneo, ocorreram incêndios florestais severos nesta região, especialmente no sul da Turquia, Itália e Grécia.
De assinalar ainda a tempestade de neve que atingiu muitas zonas de Espanha no período de 7 a 10 de janeiro, com registo de temperaturas muito baixas.
Cerca de 84% dos eventos extremos foram devido a cheias ou tempestades, tendo provocado centenas de mortes, afetado mais de meio milhão de pessoas e provocado perdas económicas em mais de 50 biliões de dólares. Em 2021, na Europa, cerca de 260.000 pessoas tiveram de ser deslocadas das suas casas devido a cheias ou fogos.
Emissões de gases com efeito de estufa
No mesmo Relatório faz-se referência à emissão de gases com efeito de estufa, referindo que na União Europeia (UE), a emissão destes gases diminuiu 31% entre 1990 e 2020, ultrapassando a meta da UE para 2020 em 11%. A implementação adicional de políticas e medidas impactantes será importante para alcançar a nova meta de 2030, que é de 55%.
De acordo com o referido Relatório, a Europa tem sido um exemplo de cooperação entre vários países e é um líder mundial no fornecimento de sistemas eficazes de alerta precoces, com cerca de 75% de pessoas protegidas.
No entanto, tendo em conta o número de eventos extremos ocorridos em 2021, os avultados danos patrimoniais e a perda de vidas humanas decorrentes destes, o Relatório destaca a necessidade de se apostar cada vez mais em redes de equipamentos e sistemas de alerta precoce.