A bacia do Mediterrâneo apresenta recordes de seca: consequências e soluções!
A seca é um dos riscos meteorológicos que mais problemas criará no futuro às populações, sendo já bastante visíveis em certas regiões do globo. Fique a saber mais sobre este tema, aqui!
O Centro Comum de Investigação (JRC, na sigla em inglês) da Comissão Europeia, publicou recentemente o seu relatório denominado “Seca no Mediterrâneo – Janeiro de 2024” sobre a duração deste tipo de eventos e o seu impacte na sociedade desta área do planeta. Mesmo em pleno inverno, os dados que constam no relatório já mostram que a seca está a ter impactes críticos tanto em países do Sul da Europa, como principalmente nos países do Norte de África.
As temperaturas acima da média, durante largos períodos e a quase ausência de precipitação resultaram numa situação de seca severa em certas áreas do Sul de Itália e de Espanha, de Malta, de Marrocos, da Argélia e da Tunísia. Não obstante, as previsões meteorológicas para a primavera não são muito animadoras, já que continuam a apontar para uma estação sem precipitação e a continuação de um padrão de temperaturas mais elevadas do que o normal.
O mesmo documento indica que a persistência da seca meteorológica e, consequentemente, hidrológica, na bacia do Mediterrâneo faz aumentar as preocupações relacionadas com os impactes na agricultura, nos ecossistemas, na biodiversidade, na disponibilidade de água potável, bem como na produção de energia hidroelétrica. A combinação da seca registada no último trimestre de 2023, do janeiro mais quente de sempre, em 2024, com a fraca precipitação também potenciam a ocorrência de incêndios florestais.
Monitorização dos efeitos da seca
A situação de seca severa, constatada no relatório do Centro Comum de Investigação, está a ter impactes mais severos no Norte de África do que no Sul da Europa, por enquanto. Durante o mês de janeiro foram implementadas várias restrições à utilização de água em Espanha, na ilha da Sicília (Itália) e em Marrocos, tal como aconteceu no Sul de Portugal (Algarve), em resposta à diminuição das reservas hídricas, à superfície e no subsolo.
As reservas superficiais de água estão muito abaixo do que é desejado, principalmente após já ter decorrido grande parte do inverno, estação do ano que habitualmente é responsável pelo reabastecimento hídrico. Em Marrocos, depois de 6 anos de seca, o nível médio das barragens está nos 23% da capacidade total. Nas ilhas italianas da Sicília e Sardenha estima-se que as barragens tenham a sua cota abaixo dos 50%, levando já a fortes restrições na utilização urbana e agrícola.
Toda esta situação deve fazer-nos refletir quanto às medidas a adotar para a gestão sustentável da água, nomeadamente pelos setores de atividade que dependem da água, como é o caso do setor primário (agricultura e pecuária) e o secundário (indústria transformadora). Deve ser equacionado, por exemplo, o investimento em centrais de dessalinização de água do mar ou oceanos, tornando-a em água doce, face à perspetiva de agravamento da situação de seca na bacia do Mediterrâneo.
É cada vez mais percetível que devem ser adotadas medidas assentes em políticas de mitigação dos efeitos das secas, nas regiões identificadas como mais vulneráveis. As estratégias de adaptação passam pelo aumento da eficiência hídrica nas indústrias, na agricultura e no consumo doméstico através do investimento na tecnologia e, do ponto de vista agrícola, a aposta em culturas mais resistentes às condições meteorológicas e climáticas.