A ascensão do mar nas Maldivas: a preparação

Com mais de 80% das suas 1190 ilhas de coral situadas a menos de 1 metro acima do nível do mar, as Maldivas têm dos terrenos mais baixos do mundo. Isto torna este arquipélago do Oceano Índico particularmente vulnerável ao aumento do nível do mar. Saiba mais aqui!

Maldivas; Oceano Índico; alterações climáticas.
Os cientistas ainda estão a estudar o porquê, mas algumas pesquisas indicam que as tempestades e inundações que varrem as ilhas podem mover sedimentos para a superfície das mesmas.

Com o nível do mar a subir, alguns analistas antecipam um futuro sombrio para as Maldivas e outras ilhas baixas. Um estudo concluiu que as ilhas mais baixas podem tornar-se inabitáveis em 2050, à medida que as cheias causadas pelas ondas se tornem mais comuns e a água doce limitada.

O Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC) prevê que o nível do mar poderá aumentar cerca de meio metro até 2100, mesmo que as emissões de gases com efeito de estufa sejam reduzidas drasticamente. Ou, então, aumentar até 1 metro, caso as emissões de gases com efeito de estufa continuem a aumentar exponencialmente.

Embora o governo das Maldivas tenha explorado planos de compra de terrenos mais elevados noutros países, como uma apólice de seguro contra o aumento do nível do mar, os técnicos de planeamento estão também a trabalhar para aumentar a resiliência das ilhas atuais do país. Um exemplo é Hulhumalé, uma ilha artificial recém-construída a nordeste da capital, Malé.

Hulhumalé

A construção da ilha, projetada para aliviar a aglomeração em Malé, começou em 1997, numa lagoa perto do aeroporto. Desde então, a ilha cresceu e cobre 4km2, tornando-se na quarta maior ilha das Maldivas. A população de Hulhumalé aumentou para mais de 50 mil pessoas, com a previsão de que mais 200 mil eventualmente se mudem para lá.

A nova ilha, construída com o bombeamento de areia do fundo do mar para uma plataforma de coral submersa, eleva-se a cerca de 2 metros acima do nível do mar, cerca de duas vezes mais alta que Malé. A altura extra pode tornar a ilha um refúgio para os habitantes, que eventualmente serão expulsos das ilhas mais baixas, devido à elevação do mar. Também pode ser uma opção para evacuações durante futuros tufões e tempestades.

Hulhumalé não é a única ilha das Maldivas que sofreu grandes mudanças desde a década de 1990. Projetos de recuperação ampliaram outros atóis, de formas semelhantes, nas últimas décadas. Entre eles está Thilafushi, uma lagoa a oeste que se tornou num aterro sanitário de rápido crescimento e um local comum para incêndios de lixo.

Apesar das variações eustáticas serem um risco para as ilhas de altitude mais baixa, há formas de contornar este problema, com a construção de ilhas artificiais.

Porém, há uma notícia positiva: os processos naturais em atóis de recifes de coral (como os das Maldivas) podem tornar as ilhas mais resistentes ao aumento do nível do mar, apesar das suas baixas elevações. Vários estudos, muitos dos quais usam observações Landsat, mostram que a maioria das ilhas de atol de coral, nas Maldivas e noutros lugares, permaneceram estáveis ou até mesmo aumentaram nas últimas décadas.