A ambição espacial da Humanidade está a deixar a atmosfera terrestre cada vez mais poluída

As várias camadas da atmosfera estão cada vez mais poluídas, em grande parte devido à ambição espacial dos seres humanos. Fique a saber mais sobre este assunto, connosco!

Reentrada.
O atrito causado pela reentrada de um satélite na atmosfera deixa vestígios nas diferentes camadas.

A atmosfera terrestre é uma camada fundamental para a sobrevivência dos seres vivos à superfície. Para além do efeito protetor, também impede variações significativas de temperatura, entre o dia e a noite, que seriam incomportáveis para os seres humanos. Das 5 camadas que compõem a atmosfera terrestre, a estratosfera é das mais importantes já que é nela que se encontra a famosa camada do ozono.

A estratosfera tem uma espessura aproximada entre os 12 km aos 50 km de altitude. Aqui encontra-se a camada do ozono, fundamental para a vida na Terra porque absorve a maioria dos raios ultravioletas que são nocivos para os seres vivos. A temperatura nesta camada começa nos –60 ºC na sua parte inferior e vai aumentando até à parte superior.

Um novo estudo indica que é também uma das camadas mais poluídas, pois os objetos que são enviados para o espaço e que depois voltam a cair na Terra estão a deixar uma grande pegada de vestígios metálicos, de várias dimensões. Todos os anos caem entre 200 e 300 satélites ou sondas enviadas pelo homem para o espaço, apesar de a maioria dos objetos ter uma esperança de vida na ordem das centenas de anos.

Quando estes objetos reentram na atmosfera, a passagem pelas elevadas temperaturas que se registam na parte superior da estratosfera não é suficiente para as partículas metálicas se vaporizarem e desaparecerem. É assim sabido que aproximadamente 10% das partículas de aerossóis da estratosfera estão contaminadas com metais utilizados na construção de veículos espaciais.

Método de estudo e resultados

Os cientistas responsáveis por este estudo só poderiam recolher dados de duas formas: ou através da utilização de satélites ou de aeronaves preparadas especificamente para voar em grandes altitudes. Foram precisamente os dados recolhidos por um tipo específico de avião que gerou surpresa junto dos investigadores. Para além do que era expectável de encontrar, como é o caso do ácido sulfúrico e metais relacionados com a poeira cósmica que bombardeia a atmosfera terrestre constantemente, foram encontrados elementos como o nióbio e o háfnio.

(...) a estratosfera é das (camadas) mais importantes já que é nela que se encontra a famosa camada do ozono.

Como estes elementos não estão presentes naturalmente nos meteoros que cruzam o espaço, foi possível apurar que os satélites que chegam ao fim da vida útil e reentram na atmosfera terrestre sofrem uma queda rápida e o atrito criado faz com parte da estrutura se transforme em vapor e acabe finalmente por condensar noutras partículas atmosféricas. Para além dos elementos acima identificados, também foram registadas quantidades anormalmente elevadas de lítio, cobre, chumbo e alumínio, muito acima daquelas que são registadas aquando da passagem de meteoros.

Sabe-se que na próxima década, o número de satélites em órbita poderá triplicar e se isso acontecer, as partículas contaminadas serão muito mais representativas. Isso pode afetar, de alguma forma, a capacidade de difusão e absorção que são características da estratosfera. Para além disso poderá ter consequências que ainda não estão quantificadas na vida terrestre.

Por fim, há a importância da sensibilização da população para a proteção da estratosfera, já que até há pouco tempo acreditava-se que era um espaço ainda pouco manchado pela poluição humana.