A afinidade do interior da Terra com o Clima
O clima encontra-se directamente relacionado com a fisiografia do planeta. Por isso, mudanças abruptas ou lentas, num curto ou longo prazo, continuarão, como desde o começo, a ocorrer de modo natural e cíclico.
A dinâmica interna do planeta afecta inerentemente a sua superfície, assim como o clima que a envolve e caracteriza, desde a sua formação há cerca de 4.6 giga anos. Um intrincado sistema de componentes interactivos constituem o planeta, cujo clima é controlado pelo balanço entre a energia/calor proveniente do Sol e a energia/calor (e radioactividade aprisionadas no interior do planeta desde a sua formação) que irradia de volta para o espaço. Isto é, os mecanismos que actuam nas alterações climáticas relacionam-se directamente ou com ocorrências astronómicas, como a intensidade de energia solar, os ciclos de Milankovitch, a queda de meteoritos, ou a tectónica de placas personificada na Deriva Continental.
Uma dedicada análise à geomorfologia da Terra permite percepcionar o emaranhado jogo de forças que, contínua e ininterruptamente moldam a capa que envolve o coração do planeta – entenda-se as camadas internas do manto e núcleo. E no decorrer desse mecanismo são fundidas rochas, movem-se continentes e são criadas topografias únicas e díspares, sob ou sobre o nível do mar, processos que fazem surgir por exemplo, cadeias montanhosas que afectam directamente o sistema atmosférico alterando o regime pluviométrico, ou, por exemplo, íngremes e estreitos vales que aceleram o processo erosivo e a consequente formação de sedimentos que influem nas correntes oceânicas.
Nesta perspectiva, recordar ainda que, a tectónica de placas gera movimentos horizontais, que originam actividade geológica como sismos e/ou vulcões, originando igualmente movimentos verticais, vulgo orogénese, e que implica por exemplo, com a formação ou rejuvenescimento de montanhas ou cadeias montanhosas e/ou o abatimento da litosfera continental.
Ora, é assim perceptível que, não existindo um supercontinente, o clima global seja mais quente e húmido (o efeito da continentalidade implica clima mais frio e seco), com precipitações abundantes (não necessariamente regulares e territorialmente espectáveis), as quais condicionam e aumentam os processos de erosão física e química das rochas (compostas por minerais agregados, constituintes da estrutura interna do planeta, e resultantes de giga anos de processos inorgânicos), influindo no coberto vegetal e por inerência no volume de CO2 (por exemplo) na atmosfera. – este, o ciclo contínuo da metamorfose dos elementos que constituem o planeta.
O que está a acontecer actualmente ao clima?
Há cerca de dez mil anos atrás estabeleceu-se o actual período interglaciar, e caracteristicamente, ocorrem bruscas oscilações de temperatura, como resultado natural das interacções dos fenómenos já aludidos. Contudo, o factor Homem, ainda que, comparativamente, em dimensão menos impactante, influi nesta balança de equilíbrio, considerando os efeitos do seu contributo, por exemplo, para a volubilidade dos gases constituintes da atmosfera, concretamente o CO2, ou os efeitos do poliuretano nos oceanos (pela libertação de químicos tóxicos durante o processo de decomposição).
Naturalmente, como parte integrante do planeta, toda a biosfera é vulnerável a quaisquer alterações no complexo e delicado mecanismo que cria o clima, daí terem ocorrido ao longo dos tempos extinções causadas por alterações climáticas, resultantes de processos geológicos. E aqui personifica-se o Homem, como agente geológico na natureza, no meio, considerando variáveis como a agricultura, associadas às transformações nos usos dos solos e dos recursos naturais, as quais modificam significativamente os ecossistemas.
Ou seja, o clima é alterado pela actuação integrada de todo um conjunto de factores intrínsecos à existência de vida no planeta, e à própria vida do planeta enquanto corpo vivo. Ao Homem, resta, inteligentemente adaptar-se, e evitar alterar ou acelerar o curso normal da existência da Terra!