A administração de vacinas por ultrassons e sem agulhas pode ser o futuro da enfermagem

A utilização de técnicas menos invasivas para o paciente é uma das metas para o futuro dos cuidados de saúde, numa altura em que os desafios nesta área são cada vez maiores. Fique a saber mais sobre este assunto, connosco!

Ecografia
A obtenção de imagens através da utilização de ultrassons já é uma técnica utilizada, por exemplo, nas ecografias.

Depois de a população mundial ter passado por uma pandemia, onde a importância da vacinação foi enorme, no sentido de conter o número de vítimas mortais, sabe-se que uma parte significativa da população tem medo de agulhas. Seja para fazer análises ao sangue ou para receber algum tipo de tratamento, estima-se que mais de um quarto dos adultos e um terço das crianças nos Estados Unidos da América admitem ter pavor a agulhas.

Espera-se que a aplicação deste tipo de técnicas resulte num conjunto de vacinas mais eficientes, a um custo mais reduzido e com o menor risco possível de efeitos secundários.

Nem todas as vacinas são administradas através de uma injeção, mas em termos de saúde pública, continua a haver uma vasta gama de vacinas que só podem ser administradas com sucesso recorrendo a este método. Mas esta situação pode estar prestes a mudar já que durante esta semana vão ser apresentados alguns resultados de um estudos efetuado recentemente, que pretende substituir as agulhas por ultrassons.

Este método, muito menos invasivo e indolor, está a ser investigado por um aluno de Doutoramento do Instituto de Engenharia Biomédica da Universidade de Oxford e foi apresentado no evento Acoustics 2023 Sydney, que decorre nesta cidade australiana até ao próximo dia 8 de dezembro.

Principais fundamentos desta técnica

Segundo o autor deste estudo, este método depende de um efeito acústico chamado cavitação, que consiste na formação e rebentamento de “bolhas” como resposta a uma onda sonora. Assim, aproveita-se “as explosões concentradas de energia mecânica produzidas por esses rebentamentos, de três formas diferentes.”.

A ultrassonografia usa ondas sonoras de alta frequência (ultrassom), para produzir imagens de órgãos internos e de outros tecidos.

Por um lado, a cavitação ajuda a criar uma passagem entre as células mortas da pele, permitido a passagem das moléculas da vacina. Depois, atua como uma bomba que impulsiona as moléculas na referida passagem. Por último, ajudará a abrir as membranas que envolvem as células, pois alguns tipos de vacinas têm obrigatoriamente de penetrar nas células para serem eficazes.

Os testes feitos em pacientes vivos obtiveram resultados animadores: por um lado, foram entregues cerca de 700 vezes menos moléculas da vacina, se comparado com a tradicional injeção, contudo a utilização da cavitação permitiu produzir uma resposta imunológica mais elevada. Há obviamente a noção de que este método é experimental e acarreta uma série de riscos e efeitos secundários que devem ser ponderados.

Logo à cabeça, é possível identificar a exposição prolongada aos ultrassons que pode danificar os tecidos e as células, como o principal efeito secundário da utilização da cavitação. Grande parte dos estudos relacionados com esta matéria procuram o limiar de segurança no que toca ao tempo de exposição durante a administração de uma vacina por ultrassons.

As vacinas de ADN são as mais difíceis de administrar através dos métodos tradicionais, mas através da cavitação podem ver a sua eficiência aumentada significativamente. Espera-se que a aplicação deste tipo de técnicas resulte num conjunto de vacinas mais eficientes, a um custo mais reduzido e com o menor risco possível de efeitos secundários.

Referência da notícia:
Dunn-Lawless, Darcy. Investigation of spatio-temporal inertial cavitation activity for optimization of needle-free ultrasound-enhanced vaccine delivery. Universidade de Oxford, Reino Unido (2023).