2022 foi o sexto ano mais quente na Terra desde que há registos

O ano de 2022 foi o sexto ano mais quente desde que há registos e foi um ano de extremos, com muitos recordes de temperatura quebrados e um aumento contínuo das concentrações de gases com efeito de estufa na atmosfera.

Globo
O ano de 2022 foi o sexto ano mais quente desde que há registos.

Os últimos nove anos têm sido os mais quentes desde que se iniciou a manutenção de registos, em 1880.

Temperatura no globo em 2022

De acordo com os cientistas dos Centros Nacionais de Informação Ambiental (NCEI-National Centers for Environmental Information) da NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) dos EUA, a temperatura média global em 2022 foi 0,86 °C acima da média do século XX, que é de 13,9 °C. Este valor é 0,13 °C inferior ao recorde estabelecido em 2016 e é apenas 0,02 °C superior ao valor do ano passado (2021), que agora se classifica como o sétimo mais alto.

Os 10 anos mais quentes do recorde dos 143 anos ocorreram todos desde 2010, com os últimos nove anos (2014-2022) classificados como os nove anos mais quentes registados.

Anomalias da temperatura
Anomalias da temperatura da superfície do globo, no período de 1880 a 2022. Fonte: NOAA Annual Global Climate Report 2022

O ano 2022 foi o sexto ano mais quente entre todos os anos de registo, no período 1880-2022. O ano 2022 marca o 46º ano consecutivo (desde 1977) com temperaturas globais acima da média do século XX.

Durante os 21 anos considerados representativos das condições pré-industriais (1880-1900), a temperatura global da Terra e dos oceanos em 2022 foi 1,06 °C acima da média. A temperatura global anual da Terra e dos oceanos aumentou a uma taxa média de 0,08 °C por década desde 1880; contudo, a taxa média de aumento é mais do dobro 0,18 °C desde 1981.

O ano foi caracterizado por temperaturas muito mais quentes do que a média em grande parte do globo, com temperaturas anuais recorde em partes da Europa, sul da Ásia, norte e sudoeste do Oceano Pacífico, Atlântico e sudeste do oceano Pacífico.

Anomalias da temperatura; Globo
Anomalias da temperatura média da superfície do globo em 2022, em relação ao valor médio no período 1991-2020 (áreas a cinzento representam falta de dados). Fonte: NOAA Global Temp v5.0.0-20230108

As temperaturas mais baixas do que a média foram limitadas ao Oceano Pacífico tropical central e oriental, consistentes com um episódio de La Niña que persistiu ao longo do ano.

La Niña e El Niño

Semelhante a 2021, o ano de 2022 começou com um episódio de El Niño Southern Oscillation (ENSO), também conhecido como La Niña, que persistiu durante todo o ano. A ENSO não só afeta os padrões climáticos globais, como também afeta as temperaturas globais. Durante a fase quente do ENSO (El Niño), as temperaturas globais tendem a ser mais quentes do que os anos ENSO-neutro ou La Niña, enquanto que as temperaturas globais tendem a ser ligeiramente mais frias durante os episódios ENSO da fase fria (La Niña). De notar que 2021 e 2022 não estão classificados entre os cinco anos mais quentes.

Gelo no Ártico, na Antártida e ciclones tropicais

Em 2022, no Ártico, a extensão máxima e mínima de gelo foram as décimas mais baixas registadas e na Antártida verificou-se a quarta mais baixa extensão máxima de gelo e a mais baixa extensão mínima de gelo.

Durante 2022 ocorreram ciclones tropicais muito intensos que provocaram destruição pelas regiões onde passaram. São de referir o furacão Ian, que atingiu Cuba e a Flórida em setembro; o furacão Agatha, que foi o maior a atingir a costa do Pacífico do México em maio; o furacão Fiona, que em setembro atingiu as Caraíbas e mais tarde, já na fase pós-ciclone tropical, a costa do Canadá; no Pacífico ocidental o tufão Hinnamnor, que afetou a Coreia do Sul e o tufão Noru, que atingiu as Filipinas, Vietname e Laos.