2020 pode tornar-se o ano mais quente desde que há registos
Este ano está a caminho de ser o mais quente desde o início das medições. De acordo com os meteorologistas, há cerca de 50% a 75% de hipótese de 2020 bater o recorde registado há quatro anos atrás. Contamos-lhe mais aqui!
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O confinamento global causou a redução da emissão de gases com efeito de estufa (GEE), mas são necessárias mudanças a longo prazo, dizem os cientistas. Embora o 'lockdown' provocado pelo coronavírus tenha contribuído para uma diminuição da poluição atmosférica, não contribuiu para o arrefecimento do clima.
Desde o mês de janeiro recordes de calor foram superados (Antártida, Gronelândia), o que surpreendeu muitos cientistas, pois este não é um ano de El Niño - fenómeno geralmente associado a altas temperaturas.
Previsões
A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), EUA, disse que as tendências estão a acompanhar o recorde de 2016, quando as temperaturas subiram nesse ano devido a um El Niño extraordinariamente intenso, e depois diminuíram. O NOAA afirma ainda, que havia uma probabilidade de 99,9% de 2020 ser um dos cinco anos com as temperaturas mais elevadas já registadas.
We are living through a climate crisis, it's time to take action!https://t.co/DVgZV8ZuOA
— The Green Party (@TheGreenParty) April 29, 2020
Um cálculo separado de Gavin Schmidt, diretor do Centro de Voos Espaciais Goddard, da NASA, em Nova Iorque, obteve um resultado de 60% de hipótese deste ano estabelecer um novo recorde. O Met Office é mais cauteloso, tendo estimado uma probabilidade de 50% de 2020 estabelecer este recorde, embora esta instituição britânica afirme que este ano dá sequência à série de anos mais quentes desde 2015.
Dados
Este mês de janeiro foi o mais quente desde que existem registos, tendo deixado muitas áreas do Ártico sem neve. Em fevereiro, uma base de pesquisa na Antártida obteve um registo de temperatura superior a 20 °C pela primeira vez. No outro extremo do mundo, em Qaanaaq, Gronelândia, foi estabelecido um recorde de 6 °C em abril. No primeiro trimestre do ano, o aquecimento foi mais acentuado no leste da Europa e na Ásia, onde as temperaturas estavam 3 °C acima da média.
Na sexta-feira passada, o centro de Los Angeles atingiu a temperatura máxima de 34 °C, de acordo com o National Weather Service (NWS). A Austrália Ocidental também experimentou um recorde de calor. No Reino Unido, a tendência é menos pronunciada. A temperatura máxima diária nesse país até agora (mês de abril), é de 3.1 °C acima da média, com recordes estabelecidos em Cornwall, Dyfed e Gwynedd.
Crise climática
Karsten Haustein, climatologista da Universidade de Oxford, afirma que o aquecimento global está cerca de 1.2 °C acima dos níveis pré-industriais. Embora a pandemia tenha reduzido, pelo menos temporariamente, a quantidade de novas emissões, Haustein frisa que a acumulação de gases com efeito de estufa na atmosfera continua a ser uma grande preocupação.
"A crise climática continua inabalável", afirmou Haustein. Segundo esta climatologista, as emissões vão sofrer uma diminuição este ano. No entanto, é pouco provável que se note qualquer desaceleração no aumento dos níveis de GEE na atmosfera.