2017 – o ano mais quente sem influência do “El Niño”
O ano de 2017 foi o ano mais quente desde 1850 sem a influência do “El Niño” e um dos três anos mais quentes registados desde 1850, juntamente com o ano 2015 e 2016.
Segundo a Organização Meteorológica Mundial, WMO (World Meteorological Organization), os anos de 2015, 2016 e 2017 foram os três anos mais quentes registados a nível global desde 1850. No entanto 2016 ainda mantém o recorde mundial, enquanto que 2017 foi o ano mais quente sem ocorrência do fenómeno El Niño.
As temperaturas médias globais registadas em 2016 foram 1,2°C acima das da era pré-industrial, enquanto que as registadas em 2017 e 2015 foram 1,1°C acima dos níveis pré-industriais.
A temperatura média global em 2017 foi cerca de 0,46°C acima da normal climatológica de 1981-2010 (14,3°C). Esta referência de base de 30 anos é utilizada pelos serviços meteorológicos nacionais para avaliar a variabilidade dos principais parâmetros meteorológicos, como temperatura, precipitação e vento.
A grande particularidade do ano 2017 é que foi o ano mais quente desde 1850 em que não se registou o fenómeno El Niño.
Além das alterações climáticas o clima tem uma variação natural devido a determinados fenómenos como por exemplo o El Niño e a La Niña, que têm influência respectivamente na subida ou descida da temperatura da atmosfera.
El Niño e La Niña
O El Niño é um fenómeno oceânico-atmosférico caracterizado por um aquecimento anormal das águas superficiais no oceano Pacífico Tropical e que contribui para a subida da temperatura da atmosfera, além de poder afetar o clima regional e global, com alteração dos padrões de circulação da atmosfera.
A La Niña representa um fenómeno oceânico-atmosférico com características opostas ao EL Niño, e que caracteriza-se por um arrefecimento anormal nas águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical. Alguns dos impactos de La Niña tendem a ser opostos aos do El Niño, nomeadamente no arrefecimento da atmosfera.
Na figura seguinte estão representados os anos em que ocorreram os fenómenos El Niño e La Niña desde 1950 e a anomalia da temperatura média global em relação à normal climatológica de 1981-2010.
O forte El Niño que ocorreu em 2015/2016 contribuiu para a temperatura recorde em 2016. Em contraste, 2017 começou e terminou com a ocorrência de uma La Niña muito fraca e no entanto é um dos três anos mais quentes registados desde 1850.
O ano de 2017 é um ano de referência, não só em relação ao aquecimento da atmosfera mas também em relação aos desastres naturais. Em diversas regiões do globo ocorreram situações meteorológicas extremas, tais como ciclones tropicais, cheias e secas com perda de vidas humanas e impactos sócio-económicos severos.