12 meses quentes consecutivos: um fenómeno sem precedentes na Suíça
A Suíça está a viver um fenómeno raro, do ponto de vista da temperatura, está a registar pela primeira vez doze meses consecutivos de temperaturas mais elevadas que o normal. Saiba tudo sobre as implicações deste fenómeno, connosco!
Segundo as autoridades meteorológicas locais (MeteoSwiss), a Confederação Helvética está prestes a assinalar uma marca histórica. O mês de maio, que agora termina, vai ser o 12.º mês consecutivo em que a temperatura é mais elevada que o normal. O valor normal da temperatura foi calculado tendo em conta as médias mensais entre os anos de 1981 e 2010. É a primeira vez que esta situação se verifica, desde que são recolhidos dados, ou seja, desde 1864.
O último mês que registou uma variação negativa (aproximadamente -2.5 °C) foi o mês de maio de 2019. Nos últimos anos já se tinham registado duas séries relativamente longas, de meses com temperaturas mais elevadas que o normal (anomalia positiva): a série mais longa anterior durou 10 meses, entre setembro de 2006 e junho de 2007. Mais recentemente, uma outra série desenrolou-se durante 9 meses, entre abril e dezembro de 2018.
Analisando as temperaturas médias mensais dos últimos 12 meses, é possível compreender que foi o ano mais quente de sempre. As temperaturas médias excederam o padrão 1981-2010 em 2,1 °C, o valor mais alto que há registo. Para encontrar valores semelhantes é preciso recuar ao período entre junho de 2006 e maio de 2007 onde a variação registada chegou aos 2,05 °C. À exceção destes dois períodos, a variação da temperatura nunca excedeu os 2 °C, comparando com o padrão 1981-2010.
O número de meses quentes por ano também tem vindo a aumentar nos últimos anos, sempre tendo em conta a série 1981-2010. Desde que são registados dados (1964), o número de meses quentes por ano variava entre os 2 e os 6, no entanto, desde o início da década de 80, os meses quentes são sempre mais do que 5, chegando por vezes a ser 10. As alterações climáticas são apontadas como responsáveis por estas anomalias climáticas.
Implicações deste fenómeno
O aumento da frequência destas anomalias positivas pode causar problemas de saúde na população, bem como danos irreversíveis nos cursos de água, na fauna, na flora e na biodiversidade de um país sobejamente conhecido pelas suas paisagens naturais. A longo prazo, as paisagens verdejantes podem perder um pouco do seu verde, e as neves perpétuas dos Alpes podem ver a sua área reduzida. Cursos de água que nascem na cordilheira dos Alpes podem ver as suas nascentes afetadas.
Nos últimos dois anos, um dos rios mais importantes da Europa, o Reno, que nasce nos Alpes Suíços e que tem cerca de 1300 Km de extensão, viu o seu caudal diminuir drasticamente, principalmente durante o verão. Para além das temperaturas serem cada vez mais elevadas, a variação da precipitação é cada vez mais acentuada. Ou seja, o Reno sofre de uma conjugação de fatores meteorológicos que estão a afetar severamente a navegabilidade do Rio em certas áreas e as atividades económicas em países altamente industrializados, como é caso da Alemanha, da Áustria e dos Países Baixos.
As condições meteorológicas dos últimos dois anos, na Europa Central e particularmente na Suíça, já provocaram milhões de euros de prejuízos a algumas grandes empresas multinacionais pois o Reno, para além da sua importância nos ecossistemas, é utilizado como meio de transporte de mercadorias, essencial nas economias helvética, alemã e neerlandesa. Atravessa cidades importantíssimas a vários níveis, como Basileia, Mannheim, Colónia ou Leverkusen.