Espanha avisa sobre a chegada de um grande temporal: irá afetar Portugal?

Perspetiva-se uma situação meteorológica complexa, sobretudo no âmbito da previsão, pois trata-se de um panorama pouco habitual em Portugal. Na próxima semana o fluxo virá de Leste, frio e relativamente húmido, podendo deixar chuva, e inclusive queda de neve. Consulte a previsão do tempo!

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Para a próxima semana prevê-se um grande temporal em Espanha. Irá chegar a Portugal?

A reta final desta semana (sexta 3, sábado 4 e domingo 5) será marcada por um poderoso anticiclone que está a influenciar o estado do tempo em Portugal continental há vários dias. Está neste momento situado sobre o Golfo da Biscaia/Noroeste de França e a sua pressão mostra-se bastante alta (1030 hPa).

É o mecanismo atmosférico responsável pela estabilidade vivida nestes últimos dias e que estimula as inversões térmicas; o ar estratifica-se deixando as camadas mais frias nas bacias dos rios e em áreas de baixa altitude o que facilita geadas noturnas. Além disso, também propicia a acumulação de partículas poluentes (micropartículas PM 2,5), provenientes das atividades em redor dos maiores centros urbanos.

O fluxo de Leste transportará uma massa de ar frio com origem polar continental, que irá aquecer ligeiramente, ganhando humidade nesse processo. Além da chuva, também poderá cair neve.

Dentro de poucos dias, o anticiclone já terá seguido mais para norte, posicionando-se sobre as Ilhas Britânicas e intensificando-se até atingir pressão a rondar os 1050 hPa. Isto abrirá caminho para a instalação do fluxo do quadrante leste sobre a Península Ibérica.

Por ser proveniente de Leste, antes de chegar a Portugal, a massa de ar frio polar continental passará por Espanha. Começará por deslocar-se pelo Mediterrâneo, local onde aquecerá ligeiramente e adquirirá humidade. Apesar de tudo isto, continuará a ser fria para estas latitudes.

Esta advecção de Leste começará a ser percetível em boa parte do território nacional a partir de terça-feira (7), esperando-se uma intensificação nos dias seguintes. As áreas mais expostas poderão ser bastante afetadas pelo vento forte de Leste, com rajadas a poder variar entre 50 e 70 km/h.

Esta advecção deverá influenciar o tempo até meados da próxima semana (até quarta (8) ou quinta-feira (9) sensivelmente, momento a partir do qual a incerteza aumenta exponencialmente, não se descartando a possível formação e desenvolvimento de uma área de baixa pressão nas redondezas de Portugal e Espanha.

Além da chuva, um possível episódio de queda de neve à vista?

Tendo este panorama meteorológico em linha de conta, é de esperar que os primeiros sinais de instabilidade atmosférica, a traduzir-se sob a forma de chuviscos e aguaceiros, surjam no Sul de Portugal, em concreto pelos distritos de Évora, Beja e Faro (e maioritariamente na metade oriental destes distritos). Quanto à neve ainda persiste demasiada incerteza, mas caso existam condições para a sua precipitação, só ocorreria a partir das primeiras horas de quarta-feira, 8 de fevereiro.

Ao longo de quarta-feira (8), prevê-se uma intensificação da chuva que, sob a forma de aguaceiros, poderá ser persistente e pontualmente forte, com grande destaque para as Regiões Centro e Sul (Aveiro, Coimbra, Lisboa, Santarém, Castelo Branco, Portalegre, entre outros distritos), sem também esquecer o Nordeste Transmontano, Alto Tâmega e Douro e Beira Alta.

Assim sendo, poderá ocorrer uma boa rega durante algumas horas em quase todo o território continental, a poder prolongar-se até quinta (9). Aliás, tendo em conta o nosso modelo de maior confiança (ECMWF), praticamente só o Minho e o distrito do Porto escapariam à precipitação, seja sob a forma de chuva ou sob a forma de neve.

Existe também possibilidade de nevar a várias cotas (sobretudo médias/altas), sendo que de momento, as áreas geográficas com mais possibilidade de registar queda de neve são o Nordeste Transmontano, a Beira Alta e a Serra da Estrela. Ainda assim, se a neve chegar a precipitar, será residual e demasiado escassa para deixar uma boa acumulação. Para as restantes áreas esse cenário é muito improvável, ainda que não seja impossível.

Grande incerteza a partir da segunda metade da próxima semana em Portugal

Apesar da previsão da continuidade das altas pressões a norte, a deslocação gradual desta massa de ar frio até Portugal poderá fazer com que a mesma interaja com as massas de ar provenientes do Atlântico, com resultados neste momento demasiado difíceis de prever. Um dos cenários sugere a formação de baixas pressões no Sul, algo que potencialmente contribuiria para a persistência da advecção de leste, ou até mesmo outro episódio instável.

Por outro lado, tal como já salientámos recentemente noutra previsão, existe outro cenário tão provável quanto este no qual não se observa esta evolução, e no qual a advecção de leste se mantém com cariz cada vez mais anticiclónico. Caso isto se confirme, o nosso país voltaria a estar sob a égide da ausência de chuva e com gelo e geadas noturnas.