Fortes chuvas no Rio Grande do Sul revelam um raro fóssil de dinossauro

As chuvas fortes e as consequentes inundações colocaram a descoberto um pedaço da história natural do planeta. Fique a saber mais sobre este assunto, connosco!

Cheias no Rio Grande do Sul.
As cheias no Sul do Brasil deixaram ruas alagadas e um rasto de destruição e vítimas.

O estado brasileiro do Rio Grande do Sul foi fustigado, há cerca de dois meses (entre o final de abril e o início de maio) por fortes chuvas que causaram inundações em grande escala. Tanto a comunicação social, como as autoridades locais apelidaram este evento como a maior catástrofe climática de sempre a afetar aquela região do Brasil.

Acredita-se que este esqueleto, recém-descoberto no solo do Rio Grande do Sul, possa representar o segundo mais completo de sempre (...)

Segundo o último balanço divulgado pela Defesa Civil do Estado do Rio Grande do Sul, no dia 8 deste mês, estão confirmadas 182 vítimas mortais, 806 feridos, sendo que ainda estão 31 pessoas desaparecidas. Foram afetados 478 municípios que representam um pouco mais de 2 milhões de pessoas.

Num destes municípios, São João do Polêsine, as fortes chuvas aceleraram o processo de erosão de uma encosta junto a um reservatório de água, tendo posto a descoberto, no final de maio, um esqueleto fossilizado de um dos dinossauros mais antigos do mundo, segundo uma equipa de investigadores brasileiros.

Características da descoberta

A equipa de cientistas encabeçada por um paleontólogo da Universidade Federal de Santa Maria acredita que o fóssil descoberto terá aproximadamente 233 milhões de anos, terá vivido no período Triássico, quando todos os continentes estavam juntos e formavam uma única massa terrestre denominada Pangeia.

Apesar desta descoberta ainda não ter sido validada por outros especialistas ou ter surgido em qualquer publicação científica, os especialistas gaúchos acreditam que o fóssil descoberto é de um predador de topo, do grupo Herrerasauridae. Sabe-se que este grupo de dinossauros povoou os territórios que hoje correspondem ao Brasil e à Argentina naquele período.

Herrerasauridae é uma família de dinossauros, que viveram no Triássico Superior, sendo dos mais antigos dinossauros conhecidos. Os primeiros registos datam de 233 milhões a 230 milhões anos, sendo que a sua extinção se deu no final do período Triássico.

Acredita-se que este esqueleto, recém-descoberto no solo do Rio Grande do Sul, possa representar o segundo mais completo de sempre, deste tipo de dinossauro (Herrerasauridae).

Fósseis.
A exploração de fósseis deve ser desenvolvida com extremo cuidado, de forma a obter a maior quantidade possível de informação.

Mas afinal, de que dinossauro se trata?

Os responsáveis por esta descoberta fascinante afirmam que, tendo em conta o tamanho dos ossos descobertos, o dinossauro terá medido cerca de 2,5 metros de comprimento. Dentro da família, que já foi acima identificada, os investigadores ainda não sabem se as ossadas pertencem a uma espécie já conhecida ou a um novo tipo.

Com o objetivo de esclarecerem esta dúvida, os cientistas levaram para laboratório um bloco de rocha, com dimensões consideráveis, e que levará vários meses a analisar, já que o processo é extremamente meticuloso, de forma a garantir que não são infligidos danos num fóssil quase único.

Os fósseis são restos ou vestígios de vida que ficaram preservados em rochas ou outros materiais naturais e possuem idade superior a onze mil anos. O termo fóssil vem do latim fossilis e significa extraído da terra, em razão de serem encontrados principalmente em rochas sedimentares.

Tendo em conta a idade atribuída às ossadas, esta descoberta pode ajudar a comunidade científica a saber mais sobre a origem dos dinossauros no planeta Terra, algo que ainda é muito debatido.

Felizmente, os fenómenos meteorológicos extremos potenciam este tipo de descobertas, já que a água das chuvas remove a cobertura sedimentar que esconde estes pequenos tesouros, contudo, para além das vítimas, dos danos e dos prejuízos, o excesso de água também pode ter um efeito destruidor. Desta forma, está aberta uma janela de recuperação deste tipo de “tesouros” que pode estar prestes a fechar-se.